Empresa de David Neeleman com prejuízo de 60 milhões até Setembro

Azul mantém prejuízos no terceiro trimestre, com aumento dos custos e queda de passageiros.

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Tráfego de passageiros no Brasil voltou a encolher em Novembro REUTERS

A transportadora aérea brasileira de David Neeleman, sócio de Humberto Pedrosa na TAP, acumulou prejuízos de 267 milhões de reais (cerca de 60 milhões de euros) até Setembro. De acordo com os dados divulgados no site do regulador brasileiro da aviação civil, a Azul perdeu cerca de 30 milhões de reais (6,8 milhões) no terceiro trimestre, afectada pela queda de passageiros no Brasil. Os números comparam com lucros de 68 milhões de reais (15,4 milhões de euros) no terceiro trimestre de 2014.

Em Junho, as contas da Azul já tinham entrado no vermelho, com um prejuízo semestral de 236 milhões de reais (aproximadamente 53 milhões de euros).

Ainda assim, as receitas consolidadas melhoraram até Setembro, passando dos quatro mil milhões reais de Setembro de 2014 (quando a empresa ainda não operava voos internacionais), para cerca de 4,8 mil milhões (mil milhões de euros). No terceiro trimestre a facturação cresceu 11% face ao homólogo, para 1,6 mil milhões de reais (363 milhões de euros).

Mas os custos da terceira maior companhia aérea brasileira também se agravaram. Em Setembro somavam 4,1 mil milhões de reais (931 milhões de euros), um aumento de 30% face ao mesmo período do ano passado, revelam os dados publicados no site da ANAC.

Segundo os dados do regulador da aviação civil sobre tráfego de passageiros, em Novembro a procura (medida em passageiros-quilómetros pagos transportados) por transporte aéreo doméstico de passageiros no Brasil registou uma “forte queda de 7,5%” face ao mesmo período de 2014. É o “quarto mês consecutivo de redução” após um período de 22 meses de crescimento da procura por voos domésticos, destaca a ANAC.

Apenas a Avianca – empresa de Germán Efromovich, candidato derrotado na privatização da TAP – registou um crescimento face a Novembro de 2014, de 16%. Pelo contrário, a Azul, a Gol e a TAM, registaram descidas de 4,5%, 10,8% e 11,9%, respectivamente. A empresa de Neeleman transportou 1,68 milhões de passageiros, menos que os 1,73 milhões de Outubro.

Já a procura de transporte aéreo internacional de passageiros das companhias aéreas brasileiras cresceu pelo 21º mês consecutivo, registando um aumento de 8,5%. A Tam teve um aumento de 3% e a Gol uma quebra de 12,4%. A Azul não operava neste mercado em Novembro de 2014, pelo que não há dados comparativos. No entanto, a empresa de Neeleman, que tem uma quota de 7,3% nos voos internacionais, transportou 29,4 mil pessoas, cerca de um milhar a menos que em Outubro.

A Azul passou a incluir este ano a norte-americana United Airlines na sua estrutura accionista. Em Junho, na mesma semana em que Neeleman e Pedrosa assinaram o contrato de compra e venda da TAP, a United anunciou a compra de 5% da Azul por cerca de 100 milhões de dólares (quase 90 milhões de euros), com direito a assento no conselho de administração da empresa.

Mais recentemente, em Novembro, Neeleman abriu a porta à entrada de capital chinês na companhia que fundou em 2008. Enquanto a United comprou uma posição directa na Azul, o HNA Group, dono da Hainan Airlines (que também tem como accionista indirecto o Governo da província chinesa de Hainan), entrou no capital da DGN, a holding de Neeleman.

Foi esta a holding que se juntou à HPGB, de Humberto Pedrosa, para formar a Atlantic Gateway, o consórcio que comprou 61% da TAP e que já está na gestão da companhia.

A operação passa por vender aos chineses 23,7% da DGN, por 450 milhões de dólares (423 milhões de euros), garantindo-lhes igualmente um lugar no conselho de administração da Azul.

Em declarações à Reuters, o presidente da companhia brasileira, Antonoaldo Neves, sublinhou que esta injecção de capital chinesa permite à Azul ganhar tempo até finalmente conseguir dispersar capital em bolsa (IPO, na sigla em inglês), uma operação que a empresa já tentou três vezes, sem sucesso. A última foi em Junho, pouco antes de vender 5% do capital à United Airlines.

Neste momento, a DGN tem em mãos um problema com o Governo português, que quer fazer regressar ao Estado a maioria do capital da TAP. A segunda reunião de David Neeleman e Humberto Pedrosa com o ministro do Planeamento Pedro Marques realizou-se esta semana e o primeiro-ministro António Costa reiterou ontem que espera chegar a “um bom entendimento” com os novos donos da transportadora.

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