Especialista diz que treino em altitude pode revolucionar desporto

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A área do plano estende-se por cerca de um quilómetro desde o Jamor, em direcção a Caxias Rui GaudÊnciO

"A medicina de hipóxia e o treino de atletas em altitude poderá revolucionar o desporto num futuro próximo", segundo Jaime Milheiro, director da Clínica Médica de Exercício do Porto (CMEP), que organiza um colóquio para debater este tema, no sábado.

O médico, especialista em medicina física e de reabilitação, explicou que "existem benefícios físicos e clínicos comprovados com a utilização do treino em altitude", esclarecendo que "este método tem resultados semelhantes aos da dopagem".

"A hipóxia é uma terminologia nova que significa rarefeita de oxigénio e do que vamos falar é sobre isso mesmo e se existem benefícios clínicos nisso mesmo", começou por explicar um dos organizadores do 51.º Convívio Científico da CMEP sobre medicina de hipóxia e o treino de atletas em altitude.

Jaime Milheiro salientou os resultados bastante benéficos e assertivos na maior parte dos atletas que utilizam este método, para aumentar o rendimento desportivo.

"Em Portugal existem duas salas para este tipo de treino. A primeira situa-se no Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor e a outra na nossa clínica no Porto, que é a primeira aberta ao público", referiu ainda explicando que este método pode estar ao alcance de qualquer um: "Não é um treino dispendioso. As sessões de treino poderão rondar 500 a 600 euros".

Além da vertente desportiva, o médico esclareceu ainda que a medicina de hipóxia traz também benefícios clínicos comprovados, nomeadamente na diabetes, na perda de peso ou em casos de asma.

"Há poucos artigos sobre esta temática. Mas cabe-nos a nós esclarecer sobre esta questão que é recente e, consequentemente, pouco falada. Compete-nos mostrar que pode dar resultado", admitiu ainda.

O clínico acrescentou que o treino consiste "numa exposição à altitude, com peso e medida, de forma a que se saia da zona de conforto". "Os benefícios no treino resultam numa melhoria de adaptação cardiopulmonar. Algo bastante importante para os desportistas, nomeadamente, ciclistas, maratonistas, mas não só", referiu.

A procura deste tipo de treinos é, segundo Jaime Milheiro, "algo significativo" e confidenciou: "Desde esta semana que somos parceiros do Comité Olímpico de Portugal. E isso, por si só, já vai trazer mais gente para este método".

"Este é um mundo que ainda está a começar. Mesmo para médicos esta é uma questão que ainda faz alguma confusão. Mas acredito mesmo que os resultados deste método poderão ser fabulosos", finalizou.

O encontro de sábado, a decorrer no centro de cultura e congressos da secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, a partir das 11h30, vai contar com comunicações de Jaime Milheiro e de João Beckert, o responsável clínico do CAR do Jamor, e com a participação do ultramaratonista Carlos Sá, do nadador Luís Vaz, dos remadores Pedro Fraga e Nuno Mendes e do ciclista Rui Sousa.

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