João Soares pediu "ajuda divina" para reforçar orçamento da Cultura

Ministro esteve em Viseu na apresentação do programa do centenário do Museu Nacional Grão Vasco e defendeu "entrosamento" entre agentes públicos e privados.

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O ministro da Cultura admitiu esta sexta-feira, em Viseu, estar à espera de “um milagre” para poder reforçar a dotação orçamental na Cultura. Ainda à espera do Orçamento de Estado, João Soares acredita que o segredo para “fazer muito com pouco dinheiro” está no “talento” e no “entrosamento” que se pode estabelecer entre as forças económicas e os agentes culturais. Mas, pelo sim, pelo não, o ministro aproveitou a presença de entidades religiosas na sessão de apresentação do programa do centenário do Museu Nacional Grão Vasco para pedir “ajuda divina”. Em resposta ao pedido do presidente da Câmara de Viseu para um “reforço na política cultural”, o ministro disse ser “um milagre" que não está em condições de fazer, mas prometeu “trabalho”.

De resto, Soares defendeu as parcerias e os mecenatos na hora do financiamento, mas não na hora da gestão, que quer ver nas mãos de quadros públicos. “Acho que aquilo que é de responsabilidade pública deve ser gerido por quadros públicos”, afirmou, acrescentando depois que a sua política "vai assentar no entrosamento entre as forças vivas do país". E deu como exemplo “o trabalho da maior relevância nacional” que está a ser feito em Viseu no plano cultural: “Queremos que seja seguido em outros pontos do país." 

Cem anos de Grão Vasco

O Grão Vasco, museu que passou a ter a designação de nacional em Maio de 2015, assinala o seu centenário a 16 de Março deste ano. A comemoração estende-se ao longo do ano, numa “celebração de portas abertas e com um olhar na internacionalização”, como salientou Agostinho Ribeiro, director da instituição. São mais de 50 iniciativas incluindo um colóquio internacional de pintura antiga coordenado por Dalila Rodrigues, que já dirigiu o museu.

O momento alto está agendado para a data do aniversário com a inauguração da exposição História do Museu Nacional Grão Vasco desde os antecedentes da sua fundação à actualidade e a publicação do catálogo Cem anos, cem obras de referência.

Numa parceria com o Museu Nacional de Arte Antiga, e com curadoria de José Alberto Seabra e Joaquim Caetano, Viseu vai receber uma exposição dedicada aos primitivos portugueses (mostrando obras de pintores contemporâneos de Grão Vasco, que terá vivido entre 1475 e 1542), Depois de Grão Vasco. Pintura Entre o Mondego e o Douro, do Renascimento à Contra-Reforma. As obras de Júlio Resende e as faianças artísticas de Bordallo Pinheiro integrarão a celebração noutros momentos do ano.

“Programámos um conjunto de exposições temporárias, de grande valia histórica e científica e largo alcance mediático, que pretendemos de impacto além-fronteiras. Teremos uma série de colóquios e conferências cujas temáticas abordam assuntos ligados à arte, ao património, à arquitectura e ao urbanismo. Temos um vasto e diversificado plano de edições e de parcerias com outros agentes culturais”, sintetizou Agostinho Ribeiro.

Para o ministro da Cultura, o centenário do Museu, que “finalmente” tem título de Nacional, é a oportunidade de homenagear ao mesmo tempo “um dos maiores pintores portugueses de sempre” e uma “grande figura de Viseu e da República”, referindo-se a Almeida Moreira, fundador do Museu Grão Vasco. “Estamos a prestar homenagem ao homem que em 1916 pôs este de pé este Museu, criado na mesma altura que outros importantes museus nacionais, nomeadamente o da Arqueologia”, disse. 

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