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As reflexões de um peregrino de Santiago de Compostela

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Em Outubro de 2015, Kostyantyn Storozhenko, de 27 anos, fez 900 quilómetros pelo caminho francês em direcção a Santiago de Compostela. Natural da Ucrânia, vive em Portugal desde 2003. Finda a licenciatura, deixou o trabalho e fez-se peregrino: "Era tempo de mudança." Num mês, de Saint-Jean-Pied-de-Port até Santiago (e Finisterra) caminhou em média 30 quilómetros por dia, com uma mochila de 10 quilos às costas. "Foram os dias em que aprendi que 'o plano é não fazer grandes planos'. Um dia de cada vez, tudo tem solução", conta por email à redacção do P3, com a qual partilhou algumas das impressões desta viagem. "Nós" — adianta — "não temos problemas (enquanto estivermos saudáveis), mas sim tarefas por resolver." Pelas imagens, percebe-se o que diz quando escreve que "não há como não ficar de boca aberta ao ver as paisagens deslumbrantes" do norte de Espanha. Ainda para mais, para completar o cenário idílico, "os peregrinos são constantemente surpreendidos com a presença de diversos animais: cavalos, ovelhas, vacas e porcos, todos à solta". Não "menos importante que a solidão no meio a natureza", é, conta, a "convivência com as pessoas" no caminho, que "é vivido de forma diferente" por cada uma. Mas há uma constante: "O sentimento particular de união entre pessoas, nações e raças". "Estão a ver aquelas caras à vossa frente, no metro ou no comboio? Aquele momento em que todos estão dentro da sua cabeça e têm um olhar abstracto? Sem um sorriso e sem poder falar com alguém desconhecido? Pois, o Caminho de Santiago é completamente oposto a isso! Todos caminham para o mesmo destino e têm um sorriso na cara." É "fácil fazer novas amizades" naquele "mundo sem fronteiras". E há sempre uma lição à espreita. "Se tiveres que abrandar, abrandas, se estiveres bem-disposto, caminhas mais. Queres parar agora mesmo, paras! Tu fazes a tua própria gestão, não podes culpar os outros. Se não estás satisfeitas com algo, aprendes, e amanhã fazes melhor."