Trabalhadores da fábrica da Unicer apanhados de surpresa com fecho antecipado

Três meses mais cedo do que o previsto.

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Fábrica de cervejas da Unicer em Santarém vai encerrar em Março de 2013 Foto: Paulo Pimenta

O coordenador da Comissão de Trabalhadores da Unicer afirmou nesta quinta-feira que a antecipação do encerramento da fábrica de Santarém para 31 de Janeiro foi “um murro no estômago" que surpreendeu os funcionários.

A Unicer anunciou que decidiu antecipar o encerramento da fábrica de Santarém para 31 de Janeiro, três meses mais cedo do que o previsto, garantindo no entanto o pagamento de salários dos 70 trabalhadores até Abril.

Contactado pela Lusa, o coordenador da Comissão de Trabalhadores da Unicer, Eduardo Andrade, disse que "os trabalhadores foram todos apanhados de surpresa", sublinhando que "a Unicer continua a precisar de produzir para o mercado".

"Não sabemos se foi uma decisão tomada agora ou se já estava pensada previamente, mas a verdade é que apanha os trabalhadores desprevenidos e é um completo murro no estômago", afirmou o responsável, que adiantou que a Comissão de Trabalhadores vai "falar directamente com os trabalhadores no terreno" na sexta-feira para "perceber qual é a intenção que têm".

Depois de ouvidos os trabalhadores e de contactados os sindicatos, a Comissão de Trabalhadores da Unicer irá avaliar se vai ou não avançar para alguma forma de luta para protestar contra esta decisão.

"Decidiremos sempre em função da opinião dos trabalhadores e só amanhã [sexta-feira] é que teremos mais informação", disse Eduardo Andrade, acrescentando que "há dúvidas legais" sobre esta decisão.

Eduardo Andrade disse estar "preocupado com o futuro dos trabalhadores" e defendeu que "a Unicer não tem legitimidade nenhuma para fechar a fábrica de Santarém, que até este ano operou sempre com rentabilidade".

O coordenador da Comissão de Trabalhadores da Unicer afirmou ainda que foi enviado um pedido de audiência ao ministro da Economia, que ainda aguarda uma resposta.

A Unicer afirmou, em comunicado, que as 70 pessoas envolvidas já foram informadas, bem como as suas entidades representativas, adiantando que irá salvaguardar os compromissos assumidos com os trabalhadores.

Além da retribuição salarial até 30 de Abril, a empresa manterá a "manutenção dos valores de prémio de operação, ou seja, equivalente ao que seria atribuído considerando 30 de Abril de 2016 como a data de descontinuação da operação".

A empresa mantém também "o plano de mobilidade interna que prevê a recolocação de até 10 colaboradores na estrutura global da empresa, se se manifestarem disponíveis para tal", indicando que "o novo parceiro está disponível para receber 25 pessoas, reduzindo, desta forma, em 50% o impacto do ponto de vista de empregabilidade".

Assegurado fica também "o programa de apoio em curso, que inclui condições significativamente acima do quadro legal e um programa de outplacement [serviços de transição de carreira] e formação focado na empregabilidade".

A Unicer admite que, "apesar de ser difícil", o encerramento da fábrica de refrigerantes de Santarém "é indispensável para a eficiência e competitividade" da empresa, numa "conjuntura de forte instabilidade económica dos mercados internacionais, designadamente Angola, onde a empresa realiza uma boa parte dos seus negócios fora de Portugal".

Em meados de Dezembro, a cervejeira concluiu a primeira fase do processo de reajustamento anunciado em Outubro, tendo chegado a acordo indemnizatório com 65 trabalhadores da estrutura central e de apoio ao negócio, justificando a descontinuidade da unidade industrial de refrigerantes com a baixa taxa de produção (abaixo dos 30%).

 

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