Protestos em Colónia contra ataques a mulheres deixam Merkel sob fogo

Número de denúncias aumentou para mais de cem. De acordo com as autoridades, ninguém foi ainda detido.

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“Merkel: Onde está? O que dizes? Isto amedronta-nos!” Wolfgang Rattay/reuters

Cerca de 3000 manifestantes, sobretudo mulheres, reuniram-se na noite de terça-feira na praça em frente da catedral da cidade alemã de Colónia para reivindicarem uma acção política para responsabilizar os autores dos ataques em massa a dezenas de mulheres na noite de Ano Novo perto daquele local.  

“Merkel: Onde estás? O que dizes? Isto amedronta-nos!”, dizia um cartaz. A chanceler alemã terá conversado com a presidente da câmara da cidade, Henriette Reker, nesta terça-feira, dia em que Reker se reuniu de emergência com as autoridades policiais. De acordo com a BBC, Angela Merkel condenou os “repugnantens ataques e assédios” e afirmou que os responsáveis deveriam ser “localizados e julgados o mais rápido possível, independentemente da sua origem ou passado”. Segundo o chefe da polícia local, Wolfgang Albers, os suspeitos aparentavam ter origem árabe ou norte-africana. 

A chanceler alemã volta a estar debaixo de fogo pela política de portas abertas ao acolhimento de refugiados, e deverá ainda esta quarta-feira reunir-se em Munique com os membros do seu partido para esclarecer qual o rumo do Governo na questão dos refugiados.

“Se os culpados das agressões [em Colónia] forem refugiados ou emigrantes com pedido de asilo, será o fim imediato da sua estada na Alemanha”, declarou Andreas Scheuer, secretário-geral da CDU, o partido conservador de Merkel, que aumenta agora a pressão para que a chanceler limite a entrada dos migrantes que diariamente chegam às fronteiras alemãs.

Segundo a AFP, o número de denúncias de assaltos e ataques na noite de Ano Novo em Colónia subiu para mais de uma centena, e há registo de ataques semelhantes em Hamburgo e Estugarda, embora numa menor escala. Em Colónia foram cerca de mil os homens que, em vários grupos, atacaram mulheres que circulavam na zona da catedral. Agora, os habitantes da cidade pedem respostas.

“De onde vêm mil pessoas assim de repente? Dizem que são mil norte-africanos, mas que não são migrantes à procura de asilo, então de onde vieram?”, questiona uma residente em entrevista à BBC.

Apesar de a chanceler ter admitido, durante o congressso da CDU em Dezembro, a necessidade de se diminuir o número de refugiados que chegam à Alemanha, não concordou com a imposição de limites aos pedidos de asilo defendida pelos conservadores.

Depois dos ataques em Colónia, as críticas também chegaram da parte da facção populista alemã: “A Alemanha já está suficientemente colorida e aberta ao mundo para si, Merkel?”, questionou Frauke Petry, do Alternativa pela Alemanha, que nos últimos meses subiu nas sondagens para as próximas regionais de Março.

O chefe da polícia de Colónia declarou que a investigação está em curso e que já foram identificados três suspeiros, embora não tenham sido feitas detenções. “Os oficiais no local identificaram os criminosos como homens, na sua maioria jovens entre os 18 e os 35 anos, e aparentemente de origem árabe ou norte-africana.”

A presidente Reker apelou para que as pessoas evitassem conclusões precipitadas: “É completamente impróprio ligar um grupo que parece ser do Norte de África aos refugiados.”

Texto editado por Joana Amado

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