Alterações climáticas em Bragança poderão ser novas oportunidades

Um estudo de Luísa Schmidt revela que os problemas causados pelas alterações climáticas podem ser contornados através da agricultura, por exemplo.

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Bragança tem um “amortecedor” natural dos impactos das alterações climáticas, que é o Parque de Montesinho ainda que, por si só, não resolva os problemas Nelson Garrido (arquivo)

A seca é uma das questões mais graves que se colocam à região de Bragança devido às alterações climáticas que podem, por outro lado, proporcionar também novas oportunidades na agricultura, de acordo com um estudo de Luísa Schmidt, apresentado esta quarta-feira na cidade transmontana.

Uma das evidências das mudanças do tempo é que o clima está mais quente na chamada Terra Fria Transmontana, o que significa que há culturas que se vão ressentir, mas também outras, como muitos frutos e hortícolas, que podem passar a produzir-se em Bragança e que antes não eram viáveis.

A conclusão foi avançada por Luísa Schmidt do projeto ClimAdaPT.Local, que está a ser desenvolvido em 26 municípios portugueses com o propósito de apontar vulnerabilidades, riscos, oportunidades e medidas para a adaptação dos respectivos municípios às alterações climáticas.

O projecto é coordenado pela Fundação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (MFEEE/EEA-Grants) e pelo Fundo Português de Carbono, inserido na estratégia europeia e nacional de Adaptação às Alterações Climáticas.

A equipa promoveu um encontro, realizado esta terça-feira, com os agentes locais intervenientes e ligados à temática para apresentar resultados e ouvir sugestões para que os municípios possam adoptar uma estratégia de apropriação às alterações do clima.

Bragança tem, segundo Luísa Schmidt, um “amortecedor” natural dos impactos das alterações climáticas, que é o Parque de Montesinho ainda que, por si só, não resolva os problemas.

À chamada de atenção para a necessidade de preservar e ordenar a floresta autóctone junta-se o alerta para as ameaças que serão mais frequentes como os fenómenos extremos de precipitação excessiva repentina, que pode criar cheias, e as secas com ondas de calor no verão e o consequente problema de saúde pública.

A seca tem exposto, nos últimos anos, as falhas no abastecimento de água, que era a principal debilidade do concelho com mais de 30 mil habitantes e que o presidente da Câmara, Hernâni Dias, reiterou hoje que está resolvida.

Na terra dos “nove meses de inverno e três de inferno”, as alterações climáticas profetizam menos invernos e verões ainda mais quentes.

O autarca de Bragança assegurou que, além das medidas e planos municipais existentes para fazer face a eventos mais frequentes na região, como a neve, por exemplo, o município transmontano irá adaptar nos processos de planeamento e decisão, as medidas que resultarem deste projecto de adaptação às alterações climáticas.

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