PewDiePie: como um jovem de 25 anos se transformou na estrela maior do YouTube

A paixão por videojogos e uma dose generosa de humor fizeram do sueco Felix Kjellberg o mais famoso (e milionário) youtuber do mundo. Canal PewDiePie tem mais de 40 milhões de seguidores

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Quando Felix Kjellberg comunicou aos pais a decisão de abandonar o ensino superior para se dedicar a um canal do YouTube, o mundo deles desabou. Firmemente contra, recusaram dar qualquer ajuda financeira, talvez numa tentativa de o demover de tal ideia. Sem sucesso. O jovem, agora com 25 anos, foi vender cachorros quentes para angariar dinheiro para o que queria fazer: usar a paixão por videojogos para se tornar numa dos comunicadores mais influentes do mundo. O canal PewDiePie tem agora mais de 40 milhões de seguidores e vale-lhe 12 milhões de dólares por ano.

Foi no dia 29 de Abril de 2010. Felix tinha apenas 20 anos e era caloiro do curso de Economia na Universidade Técnica Chalmers quando inaugurou o canal PewDiePie (pronuncie-se "Piudipai"). A ideia era simples (só precisava de wi-fi e uma câmara para ser posta em prática) mas, à partida, não parecia uma jogada milionária: experimentar videojogos e fazer crítica através de vídeos com humor à mistura. Mas o que aconteceu a seguir foi uma revolução no site de partilha de vídeos mais popular do mundo. Em Agosto de 2013, PewDiePie tornou-se o canal com mais inscritos no YouTube, em Julho de 2014 ultrapassou Rihanna e ganhou a medalha de canal com mais visualizações de todos os tempos e em Outubro de 2015 alcançou os 40 milhões de seguidores e ultrapassou os 10 biliões de visualizações.

Parece simples. Mas certamente não será — ou haveria muitos Felix Kjellberg por aí. Com o sucesso alcançado, o jovem sueco de humor refinado e voz anasalada tem um mundo de oportunidades à frente e, com 40 milhões de seguidores, certamente qualquer canal de televisão lhe abriria as portas. Mas Felix pretende manter-se fiel ao mundo online — e usar a TV apenas como meio promocional para o seu canal. "Comecei a fazer vídeos no YouTube e é assim que quero continuar. Parece que alguns velhos ou tradicionais meios de comunicação se sentem intimidados pelo facto de o YouTube ser um novo media", declarou numa entrevista recente ao The Guardian. "Sinto que somos os mais sortudos por fazer [vídeos para o] YouTube. Portanto, é isso que continuarei a fazer."

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Felix abandonou o curso de Economia no 1º ano para se dedicar a um canal de Youtube DR

Apesar da sentença, o sueco não fecha portas a outros projectos. Em Outubro do ano passado estreou-se como autor com "Este livro ama-te" (edição Livros d'Hoje), uma compilação de ilustrações com frases e conselhos de auto-ajuda — tudo em tom humorístico, claro. Por exemplo, uma sugestão para aqueles momentos em que tudo falha: "Não sejas tu mesmo. Sê uma pizza. Toda a gente adora pizza." Também no ano de 2015, o rei do YouTube apareceu num episódio de South Park e foi convidado no "show" televisivo de Stephen Colbert. Na calha está a realização de uma série de horror financiada pelo YouTube, em parceria com o produtor de "The Walking Dead".

PewDiePie não é apenas um canal de diversão, tornou-se numa espécie de meio especializado capaz de influenciar a indústria dos videojogos. Felix já se mostrou crítico das apps gratuitas que utilizam as "in-app purchases" (compras dentro da própria app, como por exemplo a possibilidade de passar níveis pagando) e das quais Candy Crush é o mais popular. E não foi uma reprovação sem consequências: para mostrar que a fórmula pode ser outra, Felix criou um jogo para "smartphone" chamado "PewDiePie — Legend of the Brofist" com o custo de 5,49 euros. "Não acho que todos os jogos com "in-app purchases" sejam maus, mas o tipo de jogo que queríamos desenvolver não cabe nesse campo. Foi bom para talvez mudar a ligação das pessoas aos jogos 'mobile'", disse ao jornal britânico.

Os vídeos do jovem estrela do YouTube não pretendem ser uma competição com o jornalismo especializado: "As pessoas acham que o YouTube vai substituir o jornalismo de jogos. Não concordo nada com isso: têm os dois um lugar e abordagens diferentes aos jogos", explica. Só no ano de 2015, o "hobbie" (é assim que gosta de lhe chamar) valeu-lhe 12 milhões de dólares — e isso catapultou Felix Kjellberg para o primeiro lugar da lista Forbes dos youtubers milionários em todo o mundo.

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