Resolução do Teatro Viriato para 2016: apostar nas estreias

Temporada abre com o programa À grande e à francesa, que invadirá os vários espaços do teatro, e inclui a nova peça de Clara Andermatt, Suspensão.

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Clara Andermatt, que foi a artista residente do Teatro Viriato em 2015, volta a Viseu em Março para ali estrear Suspensão NUNO FERREIRA SANTOS

O Teatro Viriato entra em 2016 disposto a assumir o risco – "muito controlado, porque já acompanhamos o trabalho destes artistas há muito tempo", sublinhou o director Paulo Ribeiro – de uma programação dominada por estreias absolutas. A coreógrafa Clara Andermatt é uma das figuras muito lá de casa (foi a artista residente do Viriato em 2015) que ali mostrará em primeira mão a sua nova criação, Suspensão (12 de Março). Antes disso, Viseu receberá também as estreias de Nevoeiro Adentro (26 e 27 de Fevereiro), encenação de John Mowat; Abílio, Guardador de Abelhas (29 de Fevereiro a 4 de Março), encenação de Graeme Pulleyn; e Pedro, Pedra e Grão (9 a 18 de Março), de Miguel Fragata, que assinala o centenário do Museu Grão Vasco.

O director do Teatro Viriato argumentou esta segunda-feira, no lançamento da temporada, que "trabalhar com estreias é muito mais excitante do que fazer só acolhimento" dos trabalhos que já foram vistos noutras cidades. E acrescentou que depois de o Teatro Viriato ter cativado o público com obras já testadas noutros palcos, a estratégia pode e deve agora ser outra: "abrir portas para que os artistas possam criar": "Com os cortes sistemáticos, drásticos, terríveis, é muito difícil os criadores terem meios para criar. Os teatros não podem ser teatros de apresentação se não ajudarem à produção." De resto, a recente restituição do Ministério da Cultura dá a Paulo Ribeiro garantias de que volta a haver em Portugal "condições para trabalhar": "Muitas vezes há dinheiro que fica por executar, dinheiro que vem da Europa. Portanto, a questão não tem a ver com ter ou não ter dinheiro, tem a ver com a forma como nós somos representados, com a pressão que um ministro possa ter. Um ministro terá sempre muito mais pressão junto do Governo do que um secretário de Estado e um ministério terá sempre uma visão muito mais abrangente e muito mais interessante do panorama e das necessidades do país do que uma secretaria de Estado", considerou.

Ainda antes das estreias previstas para o primeiro trimestre do ano, a temporada do Teatro Viriato abre já no dia 16 com o programa especial À grande e à francesa, que Paulo Ribeiro descreveu como uma "invasão pacífica" de pequenos espectáculos de teatro, alguns dos quais terão também a sua primeira apresentação em Viseu (Este não é o Nariz de Gógol, mas podia ser..., da Companhia A Tarumba, e Refúgio, do Teatro Mais Pequeno do Mundo). A festa de abertura da temporada, que ocupará os vários espaços do teatro, inclui a visita das companhias francesas Les Petits Miracles, Théâtre de Cuisine e Compagnie de l'Echelle (com Le Grand Théâtre Mécanique, o histórico espectáculo criado em 1900 para a Exposição Universal de Paris), e fechará com uma sessão DJ dos Irmãos Makossa. O concerto dos irlandeses The Gloaming (5 de Março), que actuam em Viseu um dia antes da sua data na Culturgest, em Lisboa, e a reposição de Retornos, Exílios e Alguns que Ficaram (17 a 20 de Fevereiro), a reflexão do Teatro do Vestido sobre o movimento de retornados pós-descolonização, são outros dos destaques para os próximos meses.

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