Crimes e extraterrestres nas leituras de férias de Barack Obama

Presidente dos Estados Unidos incluiu Purity, de Jonathan Franzen, e um romance de ficção científica chinês entre os livros que levou para ler no Havai.

Foto
Barack Obama a jogar golfe no Country Club de Kailua, no Havai, no passado dia 28 de Dezembro REUTERS/Jonathan Ernst

Um policial de Richard Price, um romance de Jonathan Franzen que envolve um homicídio, uma saga chinesa de ficção científica e a história dos irmãos Orville e Wilbur Wright, pioneiros da aviação, são os quatro livros que Barack Obama levou para as suas habituais duas semanas de férias no Havai, informou a Casa Branca.

O presidente regressa no domingo, 3 de Janeiro, e não se sabe quais os livros que efectivamente leu, mas um dos volumes que levou consigo para o Havai, de onde é natural, foi um exemplar de Purity (editado em Portugal pela D. Quixote), o último romance de Jonathan Franzen, que comprara em Novembro numa livraria de Washington, durante uma iniciativa de apoio ao pequeno comércio.

Uma aquisição que não terá sido propriamente um tiro no escuro, não apenas pela reputação de Franzen, que alguns já consideram o grande romancista americano da sua geração, mas porque Obama já comprara o anterior romance do autor, Liberdade (2010), durante umas férias de Verão na sua casa de Martha’s Vineyard, e gostou tanto que recomendou publicamente o livro.

Com uma trama complexa em que várias histórias se vão entrelaçando, Purity – o título assume o nome da protagonista, Purity Tyler, vulgo Pip – inclui entre as personagens principais o carismático líder de um projecto semelhante à WikiLeaks, Andreas Wolf, nascido na então República Democrática Alemã, e que mata um informador da Stasi dois anos antes da queda do Muro de Berlim. Elogiado por alguns críticos – numa recensão publicada no New York Times, Michiko Kakutani considera Purity “o romance mais íntimo” de Franzen – o livro também tem recebido várias críticas negativas e não conseguiu repetir o consenso gerado em torno de As Correcções (2001) e Liberdade (2010).

Outro livro que Obama levou na mala é The Whites, uma incursão de Richard Price na ficção policial, assinada com o pseudónimo Harry Brandt: a história de um detective da polícia nova-iorquina cujo traumático passado subitamente ressurge no presente, obrigando-o a tentar resolver um antigo caso deixado em aberto ao mesmo tempo que enfrenta a ameaça de um desconhecido adversário que procura vingança.

Vários anteriores romances de Richard Price chegaram ao cinema, como The Wanderers (1974), que inspirou Os Vagabundos de Nova Iorque (1979), de Philip Kaufman, ou Clockers (1992), que Spike Lee adaptou em Passadores (1995).

Além da biografia dos irmãos Wright escrita pelo prestigiado historiador David McCullough – nascidos no Ohio, Orville e Wilbur Wright terão sido responsáveis pelo primeiro voo pilotado bem sucedido da história da aviação, realizado a 17 de Dezembro de 1903 –, o presidente norte-americano meteu ainda na mala o primeiro volume de uma trilogia que teve um sucesso sem precedentes na China para uma saga de ficção científica e que está a tornar-se um best-seller mundial: The Three Body Problem (2008), de Liu Cixin.

O livro imagina um contacto com uma civilização extraterrestre, os Trisolarans, que captam sinais enviados da Terra no âmbito de um programa militar chinês altamente secreto. Como o nome indica, os Trisolarans vivem num planeta com três sóis, cujas trajectórias são imprevisíveis (o “problema dos três corpos”, que dá título ao livro, é um problema clássico da mecânica celeste) e, no momento em que recebem a mensagem da Terra, as caóticas forças gravitacionais deste sistema multi-solar ameaçam colapsar o planeta. Os Trisolarans decidem, pois, invadir a Terra, um cenário que vários ficcionados presidentes norte-americanos  já tiveram que enfrentar no grande ecrã.

Sugerir correcção
Comentar