Compensação por desvalorização cambial "insuficiente" para professores no estrangeiro

O prolongamento da medida até Junho, prometida pelo Governo, é positiva, mas não chega, diz Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas,

O prolongamento, até Junho de 2016, da compensação por desvalorização cambial aos docentes no estrangeiro, prometida pelo Governo, é uma medida "positiva mas insuficiente", considera Teresa Duarte Soares, secretária-geral do Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas (SPCL).

"A nossa posição é que, embora o prolongamento seja positivo, não é suficiente no caso da Suíça", declarou Teresa Soares à agência Lusa, comentando o anúncio, feito hoje pelo secretário de Estado das Comunidades, de que que o mecanismo de compensação para os professores de Português no estrangeiro afectados pela desvalorização cambial será prorrogado até Junho próximo.

A partir de 1 de Janeiro, "os professores poderão ter equidade nas condições remuneratórias, uma vez que foi feito um esforço orçamental para prorrogar o mecanismo extraordinário para corrigir as variações cambiais que tiveram impactos muito negativos em 2015", disse José Luís Carneiro após um encontro com a Fenprof (Federação Nacional de Professores) em Lisboa.

Para a secretária-geral do SPCL, "desde 2006/2007 que os professores estavam a perder muito dinheiro por causa das oscilações cambiais na Suíça", tendo "salários pouco compatíveis com o nível de vida" suíço, e a situação continuará a ser precária.

"Os professores estavam abaixo do salário mínimo na Suíça e, com esta compensação, continuam praticamente na mesma", reforçou, acrescentando que "boa parte" do ordenado dos docentes "vai para os impostos, para o IRS, ainda se perdendo mais uma parte com o câmbio desfavorável", pelo que o aumento será "muito pequeno, não possibilitando uma vida digna aos professores" a leccionar no país.

Teresa Soares afirmou ainda à Lusa que, "na África do Sul também há problemas", pois "os professores que vivem sozinhos têm dificuldade em conseguir cobrir as suas despesas com os vencimentos que recebem".

Na África do Sul como na Suíça, "se um professor estiver a viver sozinho, sem um cônjuge que o possa apoiar economicamente, a sua situação é muito, mas mesmo muito, difícil", adiantou.

Ainda segundo a secretária-geral do SPCL, "a assistência médica na Suíça é muito deficiente, a caixa não cobre, por exemplo, custos com dentistas, havendo também vários exames médicos que os professores têm de pagar".

Em declarações à Lusa, a líder sindical considerou ainda "lamentável" que apenas a Fenprof tenha sido consultada neste processo.

"Não percebo porque não contactaram a Federação Nacional da Educação [FNE] nem o Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas", disse, acrescentando que o SPCL "teve, juntamente com os professores na Suíça, um papel importantíssimo na questão da compensação devido ao câmbio desfavorável".

Para "fazer compreender" a situação ao anterior secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, "o SPCL e a FNE apoiaram, no ano lectivo passado, duas greves de professores às provas de avaliação diagnóstica no Instituto Camões que tiveram muita adesão", afirmou Teresa Duarte Soares.

Nesta quinta-feira, em declarações à Lusa, José Luís Carneiro explicou que o prolongamento do mecanismo criado para compensar os professores pela desvalorização cambial do ano passado, nomeadamente na Suíça, onde foi acima dos 5%, representará um encargo adicional de 3,5 milhões de euros.

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