Resposta a um articulista minorca

O critério da despesa pública para definir o neoliberalismo é, no mínimo, hilariante.

Quando a ignorância e a estultícia se empertigam para me insultar, ocorre-me sempre, para lhes responder, sacar da prosa de Camilo, que obviamente nada sabe do Portugal de hoje porque há mais de um século que está a fazer tijolo no jazigo do Freitas Fortuna, no cemitério da Lapa. Mas vou citá-lo, só para irritar ainda mais a inefável criatura que me insultou, no PÚBLICO, com expressões tais como “neo-histerismo” e “calhoada”.

Escreveu Camilo, num dos seus mais cruéis folhetins publicados no Eco Popular, que “se a estupidez fosse fonte de prosperidade, que país mais próspero que o nosso”! E como que acrescentava, numa passagem dos Gracejos que Matam, que “o estreme espírito português, por mais que o afiem e agucem, é sempre rombo e lerdo: não se emancipa da velha escola das farsas: é chalaça”.

Censurou-me um velho amigo meu, jornalista veterano de muitas e excelentes prosas, pelo facto de eu ter gasto tanta cera com um articulista minorca de tão fraca estaleca política e intelectual como o mariola mediático João Miguel Tavares. Fiz-lhe ver que só citava esta débil criatura no início do meu texto - Sobre o ‘neoliberalismo fantasmagórico’ - como pretexto para esclarecer o que se entende por neoliberalismo, pelo menos desde a contra-revolução ideológica e política posta em prática por Margaret Thatcher e Ronald Reagan, sem ter de recuar 30 anos, até à criação da Mount Pélérin Society, em 1947, durante a guerra fria. Recorri, em suma, ao método da “sopa de pedra”, em que o articulista minorca serviu de “calhau” a preceito.

Mas o meu amigo tinha razão. Porque o mariola mediático ficou radiante com a “prenda no sapatinho”, julgando que lhe dediquei o meu texto e aproveitando para “bolsar” outra prosa de uma indigência argumentativa confrangedora. De facto, o critério da despesa pública para definir o neoliberalismo é, no mínimo, hilariante, e prova até que ponto o articulista minorca é um perfeito e acabado ignorante, cujo conhecimento não vai além da Wikipédia e da Pordata. Não vou, todavia, aconselhar-lhe mais leituras, tal o sarcasmo com que ele se referiu a David Harvey e Slavoj Zizek (“intelectuais ponderados e profundos”, disse ele) que manifestamente não sabe quem são. A ignorância também se exprime pela toleima auto-satisfeita.

E termino com uma entrada a pés juntos. Por mais que este “cérebro”, que mais parece uma empada de massa inerte, torne a disparatar e volte a insultar-me, declaro solenemente que não mais lhe responderei, tão obviamente ululante é a arrogância cretina deste articulista minorca. Ponto de exclamação final!

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