Ainda os rankings

Os rankings apenas estimulam a competitividade e o sucesso medido por notas escolares.

Os rankings escolares são muitos contestados, por razões que partilho em parte: a sua publicação foi uma batalha ideológica e uma vitória dos promotores do ensino privado (contra as escolas públicas); ocultam a condição social e educacional das famílias, que afecta significativamente a probabilidade de sucesso das crianças. Os rankings apenas estimulam a competitividade e o sucesso medido por notas escolares.

Os jornais, mesmo os de referência, trataram este assunto das notas publicadas com ligeireza e alarmismo aparentes. Repisaram a competitividade (rankings), fixaram-se exageradamente nas piores escolas (as piores 17%, as piores 7%), aparentando quase sadismo mórbido. Os resultados publicados não são um campeonato de piores/melhores. As notas do meio, intermédias, não deveriam ter sido descuidadas ou quase omitidas. Dado que representam os resultados da grande maioria das escolas e alunos, deveriam ter tido análise privilegiada e maior destaque.

Os exames nacionais são o método em vigor para avaliar o nível de conhecimentos das matérias por parte dos alunos; apesar das suas limitações, penso que não devem ser eliminados, sem melhor alternativa.

No secundário, 2/3 das escolas tiveram notas médias de 10,5 valores (entre 9,5 e 12); menos de 10% tiveram ou menos de 8,5 ou mais de 13 valores; Quase 6 em cada 7 escolas (85%) tiveram notas médias positivas (acima de 9,5)

Estes resultados parecem satisfazer; uma percentagem muito alta de positivas e as notas médias entre 9,5 e 12 em 2/3 das escolas.

Mas “satisfaz”, ou é suficiente, apenas o aluno com conhecimentos entre 50 a 69, numa escala de 0 a 100, de acordo com orientações do MEC. Transformando esta, numa escala de 0 a 20, tal equivalerá a uma média de 12 valores (entre 10 e 14).

Assim, para a maioria das escolas/alunos, os 10,5 valores obtidos estão 1,5 valores abaixo dos 12 valores pretendidos. Parece pequena, mas é uma diferença muito grande. Exigiria um esforço colossal, conseguir com que estes 2/3 das escolas (e alunos) subissem as suas notas médias em 1,5 valores.

Das notas publicadas das escolas, em vez da análise por rankings, tão malditos pela maioria dos observadores, parecem-me mais válidas análises deste tipo, dos resultados medianos e de quanto estes se afastam dos resultados desejáveis (ou percentagem de notas positivas ou 12 valores como nota mediana desejada, ou outra escala). Sugiro a substituição do ênfase dado às notas extremas, por maior atenção às notas do meio, da maioria das escolas/alunos, que variam muito pouco entre si.

Óscar Mota, Internista reformado

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