Abram os olhos

É preciso azar para serem dos EUA os dois irritantes anacronismos que esta semana me calharam.

A Solgar e a Starbucks são duas empresas americanas bem-vindas em Portugal. Sou cliente satisfeito de ambas. Eis, para variar, duas embirrações.

Embora a Starbucks internacional reembolse o preço que pagámos por coisas de que não gostámos a Starbucks portuguesa recusa-se a fazê-lo, dispondo-se apenas a oferecer uma nota de crédito. Em 2016 - daqui a nada - passa a ser obrigatório na União Europeia reembolsar, sem mais satisfações, todos os produtos com que não quisermos ficar.

Dois dias depois de comprar 10 pacotes de café em grão devolvi 4 porque, ao contrário da descrição, o café estava muito torrado e não medium roasted. Foi obrigado a trocá-los por outras mercadorias, apesar de ter pedido civilizadamente o reembolso. Está mal.

A Solgar é uma empresa de suplementos que existe desde 1947. É uma marca antiquada mas fidedigna. Comprei um frasco de digestive enzymes que se gaba no rótulo de ser "sugar and salt free". Perguntei à pessoa que mo vendeu se era verdade e ela assegurou-me que sim.

Quando fui abri-lo no dia seguinte aprendi pelo rótulo que tem sacarose e lactose: são dois açúcares. Em que sentido se pode dizer que está livre de açúcar? Em nenhum. É mentira. E é grave.

Dantes éramos obrigados a gramar as más escolhas que fazíamos. Mas o exemplo dos EUA - de devolver tudo e receber o que se pagou - levou a Europa a ganhar juizo.

É preciso azar para serem dos EUA os dois irritantes anacronismos que esta semana me calharam.

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