Ministério da Saúde está a averiguar se houve mais mortes no São José

Há relatos de mais situações como a do homem que morreu este mês por falta de uma equipa para operar ao fim de semana.

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O caso do S. José deu origem a várias demissões Miguel Madeira

O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, disse que o ministério está a "averiguar e a confirmar" se ocorreram mais quatro mortes no Hospital São José, em Lisboa, por falta de assistência.

"Estamos a averiguar e a tentar confirmar essas ocorrências. São situações manifestamente inaceitáveis de que o Ministério da Saúde e os seus responsáveis, nomeadamente o ministro da Saúde, não tinham conhecimento", afirmou o governante, à margem de uma visita ao Hospital de Chaves, no distrito de Vila Real.

A morte de David Duarte, 29 anos, por falta de uma equipa para o operar, foi descrita por médicos e enfermeiros como não tendo sido caso único. O Expresso noticiou que morreram mais quatro pessoas com ruptura de aneurisma, também durante o fim de semana, e também por falta de operação. Os doentes tinham grande probabilidade de sobrevivência, mas não aguentaram a espera, referiu o jornal.

A prevenção aos fins-de -semana da Neurocirurgia-Vascular está suspensa desde Abril de 2014 e da Neuroradiologia de Intervenção desde 2013, na sequência de cortes nas remunerações dos profissionais de saúde.

Também o Centro Hospitalar de Lisboa Central, onde se insere o São José, decidiu abrir uma investigação. "Face às notícias vindas hoje a público sobre as mortes de doentes com ruptura de aneurisma, o Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE (CHLC) informa que o conselo de administração abriu um processo de inquérito interno para apuramento dos factos relatados", informa um comunicado emitido nesta quinta-feira.

"Não é aceitável que hospitais centrais, como é o de São José, não dêem respostas em áreas onde há, do ponto de vista técnico e de recursos humanos, competências próprias para o efeito", sustentou o secretário de Estado. Manuel Delgado frisou que o Governo "tudo fará" para que estas situações sejam "rapidamente ultrapassadas" e não se voltem a repetir.

Segundo o governante, todo o país tem condições para responder perante situações hemorrágicas, como aquela que sofreu o jovem que acabou por falecer, apesar de ser uma especialidade muito específica, onde os recursos "não são muito grandes" e os locais de prestação "não são muito variados".

"Os únicos polos que estavam, segundo informações actuais, sem resposta eram o Centro Hospitalar de Lisboa Central e o Centro Hospitalar Lisboa Norte", acrescentou.

Na sequência da morte do jovem, os presidentes da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), do Centro Hospitalar de Lisboa Central e do Centro Hospitalar Lisboa Norte demitiram-se. O Ministério da Saúde pediu à administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central e à Inspecção-geral das Actividades em Saúde para apurarem eventuais responsabilidades do Hospital de São José na morte de o doente.

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