Câmara do Porto quer “revisitar” projecto de Souto de Moura para Biblioteca Pública

Projecto não prevê a reabilitação do edifício principal, algo que o município considera agora ser essencial. Aumento da área de depósito é crucial.

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A obra a executar poderá incluir uma reabilitação do actual edifício da biblioteca Diogo Baptista

Há anos que a Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP) vive uma situação crítica ao nível da capacidade de depósito e a câmara quer, agora, resolver de vez o problema. Para isso, quer reunir-se com o arquitecto Eduardo Souto de Moura, que tem pronto um projecto de ampliação do edifício situado junto ao Jardim de S. Lázaro e, com ele, “revisitar” esse projecto. Isto porque, explicou o presidente da autarquia, Rui Moreira, na reunião do executivo desta terça-feira, o documento não previa a reabilitação do edifício principal e contemplava a construção de três novos edifícios e a câmara considera que, neste momento, há prioridades que mudaram.

Os esclarecimentos de Rui Moreira sobre o futuro da BPMP surgiram depois de, na reunião do executivo de há duas semanas, o vereador da CDU, Pedro Carvalho, ter pedido informações sobre um investimento de quase sete milhões de euros para aquele local, inscrito no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) do Porto. O autarca explicou, esta terça-feira, que o objectivo da câmara é “revisitar” o projecto de Eduardo Souto de Moura, depois de um estudo realizado em Outubro ter deitado por terra os planos anteriores da autarquia para duplicar a capacidade de depósito da biblioteca, sem recorrer a uma intervenção mais profunda.

Em Julho, a câmara ainda anunciou que iria duplicar a capacidade de armazenamento com o recurso a novas estantes, depois de um estudo de carga, pedido à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, ter indicado que tal seria possível. Contudo, em Outubro, um novo estudo, sobre a instalação das novas estantes compactas “revelou que a medida não iria produzir os resultados necessários”, revelou Rui Moreira.

Por isso, a solução foi olhar para o que já estava feito, nomeadamente, o projecto de ampliação da biblioteca, pronto desde o início do século, e que prevê a construção de três novos edifícios – um na Rua do Morgado Mateus e dois na Rua de Rodrigues de Freitas – além de novas áreas ajardinadas. O que o projecto não prevê, afirmou Rui Moreira, é a reabilitação do edifício histórico, onde está instalada a BPMP e, neste momento, esse factor é considerado essencial pela autarquia.

“As obras totais previstas pelo arquitecto Souto de Moura, já com os jardins e áreas técnicas, ficam por 6,924 milhões de euros. A nossa candidatura [prevista no PEDU] é prudente. Parece-nos que o edifício a Norte [na Rua do Morgado Mateus] é absolutamente necessário, já os outros dois precisam de ser revisitados. O que não está contemplado naquele valor é a reabilitação das actuais instalações. Julgamos, por isso, que será possível revisitar o projecto de Souto de Moura e usar parte da verba para esta reabilitação”, disse.

O objectivo da câmara deverá passar, por isso, por levar o arquitecto a alterar parte do projecto, incluindo a reabilitação do edifício principal e abdicando, pelo menos para já, da construção de parte das estruturas inicialmente previstas (incluindo uma zona de restauração) e de 1700 metros quadrados de área de jardim, consideradas por Rui Moreira como “menos prioritárias”.

Durante a reunião, o presidente da câmara revelou ainda que a situação de depósito da BPMP “é crítica” e que muito do acervo que ali chegou a partir de 2012 “está encaixotado por falta de espaço e sem possibilidade de dar a consulta”. No PEDU, o prazo previsto para concretizar a ampliação e reabilitação da BPMP é 2017.

Rui Moreira foi também questionado, pelo vereador social-democrata Amorim Pereira, sobre os planos da autarquia para a STCP, depois de o Governo ter anunciado que iria travar a concessão da empresa. O autarca referiu que o município aguarda ainda pelo resultado de duas acções tomadas entretanto – os resultados que serão apresentados pela empresa Tremno, a quem a câmara pediu para “preparar vários cenários de possível intervenção”, e uma reunião com os restantes municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP) servidos pela STCP, para avaliar a possibilidade de se “encontrar uma solução conjunta”. A reunião foi pedida a Marco Martins, o autarca de Gondomar, a quem foi entregue a coordenação deste tema no âmbito da AMP.

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