Conselho de Administração demarca-se da solução encontrada para o Banif

Numa carta enviada aos trabalhadores, o Conselho de Administração do banco lamenta “profundamente” que “todos os esforços desenvolvidos não tenham sido suficientes”.

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Jorge Tomé (ao centro) era vice-presidente do Conselho de Administração e presidente executivo do banco. Miguel Manso

O Conselho de Administração do Banif demarca-se, numa carta enviada aos colaboradores, da solução encontrada de venda do banco ao Santander, alegando que “não foi ouvido nem incluído nas negociações” desenvolvidas pelas autoridades.

“A opção que agora foi encontrada pelas autoridades não é a solução deste Conselho de Administração, que não foi ouvido nesta decisão, nem incluído nas negociações que a concretizaram”, lê-se na carta do Banif a que a Lusa teve acesso nesta terça-feira.

Na missiva, com data de domingo, o Conselho de Administração, que agora cessa funções, salienta que a venda do Banif encerra “um ciclo de vários anos de luta pela sobrevivência do banco, enquanto entidade prestadora de serviços bancários universais, autónoma e independente”.

O Conselho de Administração lamenta “profundamente” que “todos os esforços desenvolvidos não tenham sido suficientes” para dotar o Banif de uma “estrutura accionista estável, com um investidor de referência apto a aportar os capitais de que o banco necessitaria para prosseguir a estratégia de negócio delineada, vendendo a posição do Estado português numa operação de mercado, com criação de valor para os seus accionistas e clientes”.

“Estamos todavia seguros de que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para alcançar tais objectivos e que tal só não foi possível por circunstâncias que não puderam ser previstas”, acrescenta o documento, que termina com um agradecimento a todos os colaboradores pelo “inexcedível esforço e dedicação”.

O Governo e o Banco de Portugal (BdP) optaram pela venda do Banif ao Banco Santander Totta, por um valor de 150 milhões de euros, no âmbito da medida de resolução aplicada ao banco cuja maioria do capital pertencia ao Estado português, de forma a impedir a sua liquidação.

A operação "envolve um apoio público estimado em 2.255 milhões de euros, que visam cobrir contingências futuras, dos quais 489 milhões de euros pelo Fundo de Resolução e 1.766 milhões directamente do Estado", disse o banco central, garantindo que esta solução "é a que melhor protege a estabilidade do sistema financeiro português".

No domingo à noite, em comunicado, o supervisor bancário divulgou a operação, explicando que a mesma foi tomada face às "imposições das instituições europeias", bem como devido à "inviabilização da venda voluntária do Banif".

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