Querido Pai Natal, tira-me desta crise!

Chegou aquela altura de fazer o exercício mais difícil do ano: escrever a carta ao Pai Natal

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Stefan Wermuth/Reuters

Chegou aquela altura de fazer o exercício mais difícil do ano: escrever a carta ao Pai Natal. São centenas de brinquedos que andam à roda na cabeça das crianças, sempre com a esperança de se terem portado bem para receber a tão desejada e cobiçada prenda de Natal. Após a difícil escolha das prendas, chegou a altura de pôr o selo e enviar a carta para o Pai Natal. Alguns milhares de quilómetros depois, esta chega ao Santa Claus Main Post Office, onde se junta a outras 32 mil cartas, deste serviço que faz parte do sistema nacional de Correios da Finlândia.

Desde que surgiu, em 1985, já chegaram 16,5 milhões de cartas provenientes de crianças de 198 países. Apesar da logística envolvida ser de grandes proporções, todo este serviço é gratuito. Sendo assim, as crianças são os principais visitantes da Aldeia do Pai Natal, um espaço empresarial que procura dinamizar o turismo da Lapónia finlandesa. No ano passado, passaram por aqui cerca de meio milhão de visitantes, quase exclusivamente estrangeiros.

No entanto, nem a magia de Natal afasta e envolve o grande problema em que a Finlândia vive mergulhada: a crise. Apesar dos 250 milhões de euros de retorno, a oficina do Pai Natal abriu o segundo semestre envolvida em dívidas. A entrada em cena da Lappland Safaris, permitiu que a oficina continuasse de portas abertas e a fabricar presentes e sorrisos para todo o mundo.

A sazonalidade da Lapónia continua a ser o principal problema deste destino turístico. O Verão é pouco rentabilizado e o turismo ainda não é uma aposta forte da economia finlandesa. Para além disto, as recentes sanções da União Europeia à Rússia, o principal impulsionador do turismo na região, vieram acentuar as dificuldades vividas na região. No entanto, já começaram a ser tomadas medidas no sentido de contrariar a tendência negativa. O turismo tem surgido cada vez mais como uma nova aposta da economia finlandesa, que aposta na inovação e promoção dos ícones da região para atrair turistas europeus e, sobretudo asiáticos, o mais recente adepto do Pai Natal. Contudo, o problema continua a ser na base. Desde a queda da Nokia, o gigante que suportava a economia finlandesa, que o país foi caindo como peças de dominó. As empresas lutam para se manterem à tona, os salários são demasiado elevados para competirem com os restantes países europeus e os empresários lutam diariamente para atrair investimento e público para os seus negócios. Os finlandeses têm em mãos uma recessão que já dura há três anos e as soluções ainda são poucos para fazer face aos problemas.

O turismo tem sido a principal resposta à crise. No entanto, ainda não consegue produzir uma resposta suficiente para impulsionar a economia do país. A procura de uma nova Nokia continua a ser o principal objetivo, num país que se vira cada vez mais para as novas tecnologias e para as startups, mas com uma população ainda pouco consciente do real problema da recessão. Cabe então ao Pai Natal arregaçar as mangas e puxar a Finlândia de volta ao resplandecente céu das auroras boreais.

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