Portas contra “imposto ideológico” na TAP e acusa Governo de “utopia” de extrema-esquerda

Líder do CDS esteve no encerramento do XV Congresso do CDS-Madeira avisou para os riscos de recuar nas privatizações e nas reformas estruturais. Márcio Berenguer

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Paulo Portas defendeu ontem que o "desagravamento fiscal em sede de IRS" deve começar na actual legislatura governamental Miguel Manso

O presidente do CDS, Paulo Portas, mostrou-se este domingo, no Funchal, contra o que considera ser um “imposto ideológico” que resultará de uma reversão da privatização da TAP, numa intervenção em que contrapôs o “realismo” do partido com a “utopia” da extrema-esquerda, numa referência aparente ao Governo de António Costa.

O mais importante – salientou Portas, no encerramento do XV Congresso do CDS-Madeira  – é salvaguardar a viabilidade da transportadora aérea. “Quem é que paga os salários? Quem é que paga a renovação da frota? Quem é que subsidia as novas rotas? Quem é que assume as dívidas da empresa”, questionou, dizendo que se for o Estado a pagar, é o contribuinte que irá arcar com essas despesas.

“Eu não pagaria um imposto ideológico no caso da TAP”, sublinhou. Contrapondo o “realismo” do CDS com a “utopia” da extrema-esquerda, Portas recorreu à TAP como exemplo das consequências para o país que a tentativa de “impor ideologias” na política económica trará. “Andar para trás com reformas estruturais não gera confiança”, avisou, comentando que Portugal estava a um passo de ter ‘rating’ para investimento, e agora as agências estão a ponderar cortar novamente a classificação do país.

“É um sinal errado, tanto interno como externo, querer impor a ideologia na questão da TAP”, afirmou, acrescentando que a “tentação ideológica” da “geringonça” que suporta o executivo de António Costa atingiu também a Educação. “Há uma tentação demagógica, uma tentação de facilitismo deste Governo, que chega ao ponto de negar o esforço”, argumentou referindo-se ao fim dos exames nacionais do 4.º ano.

Portas insiste na necessidade de um debate na Assembleia da República em torno dos rankings das escolas, não porque esta questão seja o “alfa e o ómega” da Educação, mas sim porque é importante analisar os resultados. O presidente do CDS já os analisou, diz que revelam que as escolas públicas melhoraram globalmente os resultados, e que, “por muito que custe a uma certa esquerda”, os contractos de associação favorecem o desempenho dos alunos. “Não é possível continuar a dizer que houve uma política de desmantelamento do ensino público”, comentou, acrescentou que o ranking demonstra também que a autonomia das escolas, ao contrário do que dizia a FENPROF, tem um impacto positivo nos resultados.

Acusando o Governo de Costa de ceder aos interesses da FENPROF, Portas criticou ainda a forma como o novo executivo tem feito concessões ao PCP e à CGTP, exemplificando com os transportes colectivos em Lisboa. Um “inferno”, com greves sucessivas, que é utilizado pelo PCP e pela CGTP como “arma” para travar a economia. António Costa, argumentou , quando estava na Câmara de Lisboa não concordava com esta política, mas agora cedeu às “questões ideológicas”, sintetizou.

O líder nacional do CDS criticou ainda o valor anunciado do aumento de 0,4% para as pensões mais baixas para o próximo ano, por ser inferior à inflação prevista (1,1%). Na sua narrativa, é a primeira vez, nos últimos anos, que as pensões sociais vão perder poder de compra. “A inflação prevista é claramente maior do que o aumento anunciado”, explicou, depois de elogiar o novo presidente do CDS-Madeira.

Lopes da Fonseca, que era um dos três candidatos à entrada para o congresso, acabou por ir a votos sozinho, depois da desistência de João Catanho, que abandonou o congresso em solidariedade com Ricardo Vieira, quando os congressistas decidiram não votar a moção deste, e do recuo de Rui Barreto.

No sábado, já depois de Rui Vieira e João Catanho terem abandonado os trabalhos, Lopes da Fonseca pediu, em nome da “unidade” do partido, que Barreto retirasse a candidatura, comprometendo-se a indicá-lo para líder parlamentar e a ser primeiro subscritor de uma candidatura deste em 2018.

Barreto aceitou, e entregou o partido a Lopes da Fonseca, que vai agora tentar unir as diferentes sensibilidades do CDS-Madeira. “Somos todos um CDS”, disse o novo líder, perante uma sala em que não estavam os congressistas afectos a Rui Vieira e João Catanho, ilustrando um partido fraccionado após a saída de José Manuel Rodrigues.

Líder histórico dos centristas madeirenses, Rodrigues demitiu-se na noite eleitoral das legislativas de Outubro, assumindo os resultados negativos do CDS-Madeira, que perdeu o deputado que tinha em Lisboa e mais de 11 mil votos em relação às eleições de 2011. 

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