District de comércio e empresas está a nascer no centro do Porto

Edifício do antigo Governo Civil do Porto, na Batalha, está a ser reabilitado para se tornar num centro em que a partilha de serviços é uma das características essenciais

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Adriano Gomes

Ainda parece quase tudo por fazer, mas André Ferreira, do grupo Endutex, diz que, em Maio, o antigo edifício do Governo Civil do Porto, que albergou também o Comando Metropolitano da PSP, vai estar de portas abertas para receber quem o quiser ocupar. E isto significa empresas e comerciantes. O District – Offices and Lifestyle estará disponível para receber todos, mas tem as baterias apontadas a empresários e criativos em início de carreira, que procurem um espaço a preços razoáveis e aberto à partilha.

A chuva da tarde parou enquanto se percorre o 1.º piso do longo prédio, construído em finais do século XVIII, e que está neste momento, praticamente sem telhado. André Ferreira vai explicando que a intervenção em curso não irá mexer na estrutura do edifício e procurará ser o mais minimalista possível, mas há coisas que é mesmo preciso fazer. Como substituir o telhado, partes do chão e toda a caixilharia, e construir novas áreas técnicas e de apoio, incluindo os dois elevadores que irão ser instalados de cada um dos lados da grande escadaria central de pedra.

Com a fachada totalmente coberta por andaimes e telas protectoras (o reboco será substituído), o edifício está desde Novembro escondido dos olhos de quem passa na Rua de Augusto Rosa, na zona da Batalha. Lá dentro, garante André Ferreira, ir-se-á “manter o máximo do que está aproveitável”, mas muito será alterado, até para garantir o sucesso do conceito que a proprietária, do grupo Endutex, quer implementar.

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Na prática, o edifício terá um conjunto de serviços comuns, disponíveis a todos os inquilinos, que libertam área e custos das salas disponíveis para escritórios. O District terá um auditório, salas de reuniões, casas-de-banho e reprografia comuns. Além de uma zona de chil out, onde os ocupantes do edifício podem conviver, entre mesas de pingue-pongue e matrecos, e onde existirá também uma área para fumadores. Há ainda uma área ampla, no piso zero do edifício, destinado ao desenvolvimento de workshops e no que é designado por Piso -1 (as antigas garagens da PSP) deverá nascer um restaurante, numa área com cerca de 720 metros quadrados.

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Os serviços partilhados permitem que os escritórios se libertem de uma série de funções, potenciando o espaço e baixando os preços. “Aqui, uma sala de 40 metros quadrados pode ter espaço para seis pessoas, sem problemas, porque não necessita de ter ali sala de reuniões ou máquinas de fotocópias. E o custo de um espaço destes rondará 400 ou 500 euros por mês”, exemplifica André Ferreira.

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O empresário garante, contudo, que os preços a aplicar vão variar muito, até porque as dimensões dos escritórios também variam – há alguns que não vão além dos 12 metros quadrados, enquanto outros têm 17 ou 30. Os preços mais baratos podem não ultrapassar os 150 euros, afirma. André Ferreira diz também estar disponível para disponibilizar um escritório por um prazo tão curto como um mês e, que na zona que será destinada ao co-working, até será possível alugar um espaço de trabalho “ao dia”. “Já tivemos algumas manifestações de interesse e acreditamos que, começando a aparecer interessados, o espaço vai encher muito rapidamente”, diz o responsável, acrescentando que espera começar a comercializar os espaços no início de 2016.

Além da componente empresarial, o District reservou também alguns espaços para comércio. As lojas estão distribuídas pelas salas mais próximas da escadaria central do edifício, nos pisos zero e 1 e será também possível instalar mesas de venda nos halls, criando pequenos mercados dentro de portas.

André Ferreira diz que espera cativar para esta zona “espaços comerciais que fujam ao tradicional”, como os de pessoas que usualmente só divulguem as suas peças na internet e queiram, durante um espaço limitado de tempo, ter uma montra diferente. Nesta vertente, como na dos escritórios, o empresário acredita que a ocupação seja muito dinâmica. “Queremos que, por exemplo, uma empresa nova possa começar aqui, num espaço pequeno e que, depois, crescendo, possa mudar para um espaço maior no próprio edifício. E na vertente comercial também esperamos que os interessados não fiquem muito tempo, mas que vão mudando, criando-se novas ofertas”, diz.

O edifício do antigo Governo Civil, construído para ser a Casa Pia do Porto (função que nunca exerceu) foi vendido pelo Estado a uma empresa do grupo Endutex em 2010, depois de uma primeira tentativa de venda em que não apareceram interessados. André Ferreira diz que o custo global da operação – incluindo a compra e reabilitação do imóvel – ficará por 3,6 milhões de euros. Um investimento muito calculado e estudado, garante. “Quem comprar na Rua das Flores agora vai pagar o custo de ter chegado tarde. Acredito que temos de arriscar e jogar em antecipação e esta zona tem tudo para se desenvolver rapidamente. É uma questão de tempo até [o imóvel] ficar valorizado”, diz.

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