Capturas em águas portuguesas aumentam 11,4% em 2016

O carapau é o peixe que pode ser mais capturado, tendo sido autorizada a pesca de 50.839 toneladas, seguindo-se o biqueirão (5.542 toneladas) e a pescada (3.097 toneladas).

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Adriano Miranda

Os pescadores portugueses poderão capturar, em 2016, em águas nacionais mais 11,4% de pescado do que este ano, num total de 63.524 toneladas, foi acordado em Bruxelas após uma longa maratona negocial, nesta quarta-feira. Em 2015, foram autorizadas 57.016 toneladas de capturas.

O carapau é o peixe que pode ser mais capturado, tendo sido autorizada a pesca de 50.839 toneladas, seguindo-se o biqueirão (5.542 toneladas) e a pescada (3.097 toneladas). 

A quota de lagostim, um marisco com elevado valor comercial, sobe 26%, acima dos 20% inicialmente propostos pela Comissão Europeia, e a de raias mantém-se, quando inicialmente estava previsto um corte de 10%. Também no caso do tamboril, o corte de 19% foi suavizado para 14%, após cerca de 40 horas de negociações, que começaram na segunda-feira de manhã e terminaram pelas 2h desta quarta-feira.

A pescada é o stock que mais desce, com um corte de 25% (inicialmente estava proposto um de 61%), havendo ainda uma baixa de 1% nas capturas de areeiro em águas portuguesas.

Depois do lagostim (26%), o carapau é a espécie que tem o maior aumento de quota de pesca (15%), seguido do biqueirão (10%).

No que respeita ao bacalhau, a quota sobe 1%, para 2497 toneladas, em águas do Canadá, geridas pela Organização de Pescas do Atlântico Noroeste (NAFO) e está proposto um corte de 14% na Noruega, para as 2365 toneladas, que deverá ser compensado com a cedência de uma reserva de 25.000 toneladas da quota global de verdinho.

A sarda, cujas unidades populacionais também são geridas no âmbito de acordos com países terceiros, sofre um corte de 15%, para as 6971 toneladas.

Ministra e armadores satisfeitos
Portugal esteve representado no Conselho de Ministros das Pescas da UE pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, que se mostrou satisfeita com as negociações porque vai aumentar a capacidade de pescar dos portugueses.

O presidente da Associação dos Armadores das Pescas Industriais considerou que o acordo alcançado em Bruxelas sobre um aumento de 11,4% em 2016 das capturas em águas portuguesas "é uma vitória e uma janela de esperança".

"Penso que, globalmente, podemos dizer que temos aqui uma janela de esperança. (...) A senhora ministra do Mar [Ana Paula Vitorino] não conseguiu o óptimo, mas conseguiu o bom", frisou.

Pedro Jorge lembrou que a proposta da Comissão Europeia (CE) era extremamente negativa porque retirava a Portugal a possibilidade de pesca num conjunto de espécies que são importantes para o país e iria causar "grandes prejuízos económicos para os trabalhadores, empresas e para o país".

No entender de Pedro Jorge, a ministra do Mar conseguiu reverter um conjunto de propostas nomeadamente o da pescada em que a redução era de 62% e ficou-se pelos 25%.

"No caso da raia (que gostaríamos que tivesse crescido) conseguiu-se que se mantivesse, mas melhor ainda foi que os pescadores portugueses possam descarregar em cada maré uma quantidade limitada de raia curva. Isto foi uma vitória muito importante", salientou.

No que diz respeito ao lagostim, sublinhou o responsável, passou-se para mais 26%, "o que é muito importante, e no caso do biqueirão conseguiu-se uma folga que é utilizada para fazer permutas com outros estados membros".

"Agora, o que é que não se conseguiu? Não conseguimos no tamboril. Minimizou-se a redução de 19 para 10%, e no areeiro, que gostaríamos de ter visto crescer a quota, também ficámos pelos mesmos valores. Contudo, penso que globalmente podemos dizer que temos aqui uma janela de esperança", concluiu.

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