Marca portuguesa de collants quer juntar moda e medicina para crescer

A Custoitex, dona da Collove, tem planos para entrar no segmento de saúde e desporto com os collants e roupa interior sem costuras que produz. Uma loja online e a internacionalização também fazem parte dos planos.

Fotogaleria
Custoitex passou por um processo de insolvência em 2009 mas conseguiu recuperar Adriano Miranda
Fotogaleria
Parceria com estilista internaciona que trabalhou com Jennifer Lopez permitiu lançar nova colecção em Paris Adriano Miranda
Fotogaleria
Muitos dos 69 funcionários acompanham a Custoitex desde a fundação, há 40 anos Adriano Miranda
Fotogaleria
Custoitex tem três marcas, Coll, D’Ella e Collove Adriano Miranda
Fotogaleria
Loja online e reforço da internacionalização são os próximos passos Adriano Miranda
Fotogaleria
Sandra Morais, proprietária da Custoitex, quer levar a empresa mais longe Adriano Miranda

Sandra Morais diz que cresceu ali, entre pavilhões e terraços, e passou a infância entre máquinas de tricotar e máquinas de costura. Lembra-se de brincar com irmãos e amigos às aventuras de “Os Cinco” e que o famoso Tim idealizado por Enid Blyton era recriado a partir de uma bola de meias velhas. Licenciada em marketing, com um MBA em Gestão, Sandra Morais voltou a circular entre as máquinas de costura, mas agora com uma posição bem diferente. A empresária diz que nem gosta de falar nisso, que o pior já passou, e que o processo de insolvência de 2009 pertence ao passado. A actual proprietária assumiu a liderança da empresa familiar e resgatou a Custoitex de um fecho iminente.

“Sofremos o embate que enfrentou todo o sector têxtil, que viu a produção sair para os países mais baratos. Mudámos o paradigma, reformulámos a oferta, deixámos de apostar no preço para procurar dar resposta aos clientes que procuram quantidades mais pequenas, produtos de maior qualidade, entregas mais rápidas”, sintetiza a gestora. O private label, ou a marca branca,  que lhe permite entregar produção para ser comercializada com outras marcas, ainda pesa 20% no volume de negócios da empresa, que deverá fechar o ano de 2015 com uma facturação de 2,1 milhões de euros. Mas a aposta assumida de Sandra Morais é divulgar a marca Collove, assumidamente “a menina dos olhos” da empresária e da empresa.

A Custoitex continua a trabalhar em três marcas, Coll, D’Ella e Collove, e não tenciona descurar os mercados internacionais de onde têm vindo mais encomendas de private label, como a Holanda, a França ou a Grã-Bretanha. Mas a estratégia agora assumida é diversificar essa aposta, não só em termos de mercados, mas também em termos de segmento, já que intenção é começar a oferecer e a vender produtos ligados à área do desporto e também dos dispositivos médicos. “Estamos à espera da aprovação do Infarmed que nos habilita a conceber e a comercializar produtos que podem ser apresentados como medicalizados. Estamos a pensar em segmentos  como as gestantes ou os diabéticos, entre outros. Na área do desporto também já temos uma linha de produtos para o Ballet e o Yoga. E vamos continuar”, afirma Sandra Morais.

À frente de uma empresa com 69 funcionários, muitos deles acompanham a Custoitex desde a fundação há 40 anos, Sandra Morais está entusiasmada não só com a capacidade de resiliência da equipa, como com a vontade de inovação que encontra entre os trabalhadores. Em Setembro deste ano a Custoitex concluiu os processos de certificação - num “processo de avaliação contínua” que obrigou a “muitas melhorias internas” – e também dos seus produtos. “Temos agora um certificado de conformidade que atesta que os nossos materiais cumprem todos os requisitos humanos e ecológicos e os produtos podem estar em contacto inclusive com a pele sensível dos bebés”.

Munida de todas estas novas ferramentas não há, porém, no rol de intenções de Sandra Morais uma única que a desvie do segmento que melhor conhece: a moda. “É onde nos sentimos bem”, esclarece. E se as dezenas de referências que comercializa, nas três marcas já referidas, em produtos como meias, peúgas e collants, mas também roupa interior feminina e masculina, onde abundam peças seamless (artigos sem costuras, feitos de algodão biológicos ou poliamidas recicladas) talvez a colecção Underactive, desenhada pela estilista londrina Nicole de Carle possa servir como um dos melhores cartões-de-visita. A designer, que já assinou peças para corpos de Jennifer Lopez ou Beyonce, escolheu a Custoitex como parceira para a iniciativa europeia (o projecto Worth) que aproxima as PME de criadores de vários países. A colecção Underactive, é uma linha de moda shapewear (roupa criada para desenhar formas) a partir do conceito capsule collection (quando utilizadas entre si, as várias peças combinam). O lançamento da colecção foi feito a 9 de Novembro, e no final do mês já estava a ser apresentado na Escola de Moda de Paris.

“Foi uma excelente experiência” sintetiza Sandra Morais, que não esconde a vontade de participar em mais iniciativas deste género, pelos desafios que trouxe e a aprendizagem que acarretou. E se para garantir estas iniciativas pode fazer pouco mais do que dizer que está disponível, Sandra Morais sabe, porém, em que noutros tabuleiros pode fazer jogadas mais seguras: a participação em feiras internacionais especializadas. No próximo mês de Janeiro estará a participar na Interfiliére, o Salão Internacional de Lingerie, em Paris. E está para breve a abertura de uma loja online.

Sugerir correcção
Comentar