Óbidos e Idanha-a-Nova entram na rede de cidades criativas da UNESCO

A vila de Óbidos foi designada como uma das" cidades criativas" da UNESCO na área da literatura e Idanha-a-Nova na área da música.

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Livraria Santiago situada na antiga igreja de Óbidos Rui Gaudêncio

A vila de Óbidos foi designada como uma das cidades criativas da UNESCO na área da literatura e Idanha-a-Nova na área da música. Criada em 2004, esta rede tem como objectivo "promover a cooperação com e entre cidades que identificaram a criatividade como um factor estratégico para um desenvolvimento urbano sustentável" e, esta sexta-feira, foi anunciada em Paris a classificação de 47 cidades de 33 países é enquadrada em sete temas, designadamente literatura, cinema, música, artesanato e arte popular, design, artes e media, gastronomia.

A candidatura de Óbidos à rede de cidades literárias da UNESCO foi apresentada em Junho e assentou, entre outros factores, no projecto Vila Literária, que está a ser desenvolvido na vila desde 2011, numa parceria entre a autarquia e José Pinho, da LerDevagar.  A candidatura de Idanha-a-Nova começou a ser preparada há um ano e foi inspirada pelo adufe, que se destaca como o maior representante da riqueza e tradição musical da vila.

 "Fizemos uma candidatura à volta da literatura, e fizemo-la porque Óbidos iniciou um caminho de afirmação económica a partir da criatividade", explicou ao PÚBLICO Humberto Marques, presidente da Câmara Municipal de Óbidos já depois de conhecer a decisão da classificação da UNESCO..

"Acreditamos que a criatividade e a inovação ao serviço da cadeia de valor de qualquer sector de actividade económica é fundamental. Mas, para termos criativos, para termos sectores a inovar, precisamos da fonte principal, que é a literatura, é o conhecimento", acrescentou.

O projecto Vila Literária "foi no fundo a base, o cérebro de uma estratégia" desta candidatura, explicou o presidente da câmara. A vila, que sofre de "uma certa desertificação e abandono", olhou para essa realidade "com um sentido de oportunidade": comprou as casas, usou fundos comunitários e reabilitou-as. O resultado foi a instalação de "cerca de 11 livrarias no centro histórico, com milhares e milhares de títulos, que muitas vezes não encontramos no mercado digital ou nas livrarias", disse ainda Humberto Marques.

A realização do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, que decorreu na vila de 15 a 25 de Outubro, foi um dos aspectos referidos na candidatura, mas o presidente adiantou à Lusa que "os impactos da sua realização, movimentando centenas de autores e atraindo cerca de 30 mil pessoas", não tiveram influência no processo, "que já tinha sido entregue à UNESCO anteriormente".

"[A distinção acarreta] um sentido crescente de responsabilidade da nossa parte, e um sentido de oportunidade em várias dimensões, quer seja na atracção de investimento para o nosso território, na atracção de novos visitantes e turistas, quer seja naquilo que durante o Folio procurámos afirmar – que Óbidos fosse entendido como uma espécie de plataforma de encontro dos próprios escritores e dos escritores com os seus leitores, criando um verdadeiro ambiente da criatividade", acrescentou o autarca ao PÚBLICO.

Óbidos ficará na lista da UNESCO ao lado de outras cidades literárias como Barcelona (Espanha), Edimburgo (Escócia), Melbourne (Austrália), Iowa City (Estados Unidos da América), Dublin (Irlanda) Reiquejavique (Islândia), Norwich (Inglaterra), Cracóvia (Polónia), Heidelberg (Alemanha), Dunedin (Nova Zelândia), Granada (Espanha) e Praga (República Checa).

Também esta sexta-feira se soube que Idanha-a-nova foi distinguida como Cidade Criativa, mas na área da música. "Passamos a ser uma das cidades da música da UNESCO, no âmbito da rede de cidades criativas, o que vai trazer muito desenvolvimento para o concelho", disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto.

"Sentimo-nos muito honrados com esta decisão. Este é o reconhecimento da cultura de Idanha-a-Nova e dos investimentos que temos feito nesta área", acrescentou. A candidatura a Cidade da Música foi inspirada pelo adufe, que se destaca como o maior representante da riqueza e tradição musical da vila.

“[Este desfecho] vem confirmar que apresentámos uma candidatura com argumentos muito fortes, mesmo sendo Idanha-a-Nova uma vila e não uma cidade”,observou  Armindo Jacinto.

A Câmara de Idanha-a-Nova preparou durante um ano e meio a candidatura que teve o apoio da Associação Portuguesa de Educação Musical, o Sindicato dos Músicos, dos Profissionais do Espectáculo e do Audiovisual, a Comissão Portuguesa da UNESCO e várias cidades que já têm o título de Cidade da Música, com destaque para Mannheim, Bolonha, Sevilha e Hamamatsu.

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