Palácio do Bolhão é agora cultura, e promete mais em 2016

O espaço que acolheu, há menos de um ano, a sede da Academia Contemporânea do Espectáculo/Teatro do Bolhão, tem já diversos espectáculos agendados para o próximo ano.

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Maria João Gala

O ano ainda não acabou e o Palácio do Bolhão já tem motivos para festejar: desde a sua reabertura no dia Mundial do Teatro, a 27 de Março, até hoje recebeu já cerca de 14 mil espectadores, o que faz do espaço, Património Nacional, um marco na cultura do Porto. O objectivo passa agora por reforçar a programação e investir em novas vertentes, de forma a conseguir consolidar o seu lugar no panorama cultural da cidade e a funcionar como uma interligação entre os pequenos e grandes espaços culturais.

Aqui há espaço para produção própria, para espectáculos de acolhimento, para serviço educativo e para exposições. António Capelo, director artístico do ACE (Academia Contemporânea do Espectáculo)/Teatro do Bolhão declara: “Transformar o Palácio em cultura foi um sonho concretizado”.

Na programação de 2016, com eventos que passam dos clássicos aos contemporâneos, há sempre um sentido de relação com a realidade e a actualidade. Exemplo disso é a encenação de A vida de Galileu, onde se pode assistir a um combate contra o fanatismo religioso, por um lado, e ao papel que um cientista tem na sociedade, por outro. Já em Sud-Express evoca-se a relação portuguesa com França, pelas ligações migratórias como pelos ideais que se partilham, no que concerne à liberdade e aos direitos humanos. A oferta da programação inclui também Inquietações, onde se aborda a marginalidade, a precariedade, num diálogo entre a coreografia e a pintura.

Entre Abril e Julho realiza-se também no local a VAGA – mostra de artes e ideias, onde alunos e ex-alunos da ACE/Escola de Artes levam diversos projectos. Destaque para a apresentação do Freedom Theatre da Palestina, onde a ex-aluna Micaela Miranda dirige, num campo de refugiados, alunos de teatro. Será assim organizada uma semana com mesas redondas e exposições de fotografia, onde alguns dos alunos de Micaela deverão estar presentes.

O Palácio do Bolhão receberá ainda diversos espectáculos de acolhimento, cujo calendário não está ainda fechado, mas que conta já com um destaque: Hélder Guimarães, mágico portuense que reside em Los Angeles, começará a digressão mundial na sua cidade berço. De salientar ainda o Teatro Portátil, iniciativa educativa onde são apresentadas aos alunos peças que pertencem ao Plano Nacional de Leitura.

E como 2016 é um ano de dupla comemoração – o Palácio completa um ano desde a abertura, a ACE Escola de Artes comemora 25, haverá também visitas dramatizadas ao edifício.

Na apresentação do programa, António Capelo salientou o papel do novo executivo da câmara na forma como se vive a cultura do Porto e não esconde expectativas quando ao novo Governo: “Queremos que a nossa relação com o estado central seja tão positiva como é com o municipal. Acreditamos que se poderão abrir portas para podermos voar de maneira diferente”. 

Texto editado por Ana Fernandes

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