CDS-Madeira pede prioridade à ampliação do porto do Funchal

Perda de escalas de cruzeiros e decréscimo no número de passageiros desembarcados preocupa os centristas, na sequência dos problemas do Cais 8.

Foto

O grupo parlamentar do CDS na Assembleia Legislativa da Madeira defendeu esta segunda-feira que a ampliação do Porto do Funchal deve ser uma “prioridade” para o executivo regional, justificando o investimento com a importância que o turismo de cruzeiros tem para a economia do arquipélago.

“O prolongamento da pontinha [molhe principal do porto] deve ser um investimento prioritário para o Governo regional, porque tem retorno absoluto”, disse o deputado Rui Barreto aos jornalistas, argumentando que “cada euro” investido na obra será recuperado através do fomento do comércio e do aumento do número de turistas.

A defesa da ampliação do porto, através do prolongamento da pontinha, surge na sequência dos problemas de operacionalidade que o Cais 8, construído sobre o entulho retirado da cidade e das ribeiras na operação de limpeza resultando do temporal de 20 de Fevereiro de 2010, tem revelado.

O tema está na ordem do dia na região, depois de vários navios terem cancelado escalas no Funchal por falta de condições e espaço para atracarem – o último foi o Rhapsody of the Seas que optou por rumar para as Canárias -, mas o CDS estranha o “burburinho” à volta do assunto. “Há cinco anos já tínhamos avisado, já tínhamos tomado uma posição pública, baseada em estudos técnicos”, sublinhou Rui Barreto, referindo-se que a Câmara Municipal do Funchal, onde era vereador na altura, apresentou estudos técnicos que indicavam que o Cais 8 só seria viável se o porto fosse ampliado.

Mas Alberto João Jardim, contrariando os estudos e alegando razões económicas, avançou para a construção uma nova praça e um cais acostável sobre o aterro. Na narrativa de Jardim, era “mais barato” deixar o entulho ali, na marginal do Funchal, do que transportá-lo para outra zona da ilha.

Uma “pirraça e teimosia” do anterior governo madeirense que Rui Barreto lamenta estar a ter consequências graves num sector importante para o arquipélago. “Desde 2009 [o porto] está a perder mais de 100 mil passageiros desembarcados”, contabilizou o deputado, contrapondo com os números do porto de Lisboa que têm crescido este ano.

Este, insistiu o parlamentar centrista, é um sector importante porque “cria emprego” e aumenta a receita dos portos. “Se há investimentos que devem ser feitos e que e são prioritários, é este”, vincou, falando junto à nova infra-estrutura portuária que foi inaugurada no início deste ano, na última semana de Jardim como chefe do executivo madeirense.

A obra, orçada em 23 milhões de euros, foi construída à revelia da autarquia funchalense, na altura liderada por Miguel Albuquerque. O cais é pequeno para os novos transatlânticos, fica demasiado exposto às condições marítimas e em plena época alta dos cruzeiros raramente é utilizado. O actual presidente do Governo regional reafirmou recentemente que não mudou de opinião sobre o Cais 8, reconhece que a ampliação do porto é uma obra estrutural para a Madeira, mas lembra que a actual conjuntura não permite, para já, avançar para esse investimento, estimado em mais de 40 milhões de euros.

Até lá, e enquanto não ficarem concluídas as obras de requalificação do cais Norte – está previsto terminarem até ao final desde ano - o porto funchalense vai continuar a perder escalas para portos vizinhos.

Sugerir correcção
Comentar