Antigo fornecedor e injecção de 1,5 milhões dão novo fôlego à Throttleman

Marca de roupa portuguesa sobreviveu a um atribulado processo de insolvência e tem actualmente 18 lojas. No próximo ano, prevê facturar 5,2 milhões de euros.

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Novas lojas são de dimensão mais reduzida para acautelar o peso excessivo das rendas Nelson Garrido

Pela mão de um antigo fornecedor, a Crivedi, e com a injecção de 1,5 milhões de euros do fundo de capital de risco privado Explorer, a marca Throttleman sobreviveu a um atribulado processo de insolvência e já tem 18 lojas abertas, seis em outlets. Os planos para os próximos dois anos incluem a abertura de mais seis pontos de venda próprios, todos no mercado nacional.

António Archer, fundador e maior accionista da Crivedi, uma têxtil da Trofa, explicou ao PÚBLICO que a ligação à Throttleman existiu desde a primeira hora. Criadas no mesmo mês e no mesmo ano, a Archer fornecia colecções de roupa à marca portuguesa, que não tinha produção própria. A relação evoluiu nos últimos anos para a exploração, por parte da têxtil, de seis lojas da marca, em regime de franquia.

Mas a compra da insígnia e o seu relançamento só foi possível graças a uma aliança com a Explorer, empresa de capital de risco que, através do Fundo Revitalizar Norte, injectou 1,5 milhões de euros na têxtil da Trofa, assumindo uma posição de 25% do seu capital, um “casamento” com um prazo de duração mínimo de oito anos.

Criada pela Brasopi, a Throttleman chegou a ter 60 lojas, algumas das quais em Angola e nos Emirados Árabes Unidos. O plano de expansão, financiado maioritariamente com recurso a financiamento bancário, asfixiou a empresa a partir da crise de 2008, obrigando-a a recorrer a um Plano Especial de Recuperação, a que se seguiu a um plano liquidação. O total de créditos reclamados à empresa, que também lançou a Red Oak, outra marca insolvente, aproximou-se dos 30 milhões de euros.

Já com novos donos, e depois da recente abertura de duas lojas, uma no Marshopping, em Matosinhos, e outra no Almada Forum, a insígnia quer aumentar o número de unidades e ter, pelo menos, mais seis nos próximos dois anos, nas regiões da grande Lisboa, Braga, no Algarve e na Madeira. Mas a estratégia de crescimento é cautelosa, passando apenas pela aposta em locais considerados estratégicos. “Os bons shoppings estão um bocadinho repletos e os maus não nos interessam”, explica António Archer.

A dimensão das lojas é menor, entre os 100 e os 200 metros quadrados (na gestão anterior chegavam aos 350 metros quadrados), uma decisão que pretende acautelar o peso excessivo das rendas e do número de trabalhadores. O modelo anterior também implicava o desenvolvimento de colecções muito grandes, o que “não é o mais acertado”, adiantou o responsável.

“O plano de expansão pode ser acelerado mas através de franquias”, conta. Este é um modelo já testado pela Throttleman e pela própria Crivedi.

A estratégia dos novos investidores da marca contempla outros modelos de negócios, como a aposta no canal de vendas online, e na presença em lojas multimarca, que levarão ao reforço da equipa de vendedores já nos próximos dias.

A linha condutora da marca está a ser mantida e, em termos de preços, também vai continuar a posicionar-se no segmento médio/alto. Isso não é uma opção, “é uma estratégia de sobrevivência”. António Archer explica que a sua empresa não tem dimensão nem volume para entrar na guerra do preço médio/baixo”, dominado pelas grandes cadeias internacionais.

Num horizonte de dois anos, a internacionalização não é uma prioridade. O empresário explica que há ainda muito trabalho de consolidação da marca a fazer no mercado interno. E mais do que o número e lojas, a empresa olha para o volume de vendas que a anterior gestão conseguiu em 2010 e 2011, que se aproximou dos 30 milhões de euros.

A Throttleman deverá terminar o corrente ano com um volume de vendas de 3,2 milhões de euros, valor que em 2016 deverá evoluir para 5,2 milhões de euros, avança o empresário, que prefere não fazer projecções para os próximos anos.

Apesar de não ser uma prioridade, António Archer diz que vai estar atento a eventuais oportunidades noutros mercados, sustentando que “a expansão internacional pode ser a mais barata, se se encontrar o parceiro certo”.

O investimento de 1,5 milhões de euros na marca tem subjacente a perspectiva de recuperação do consumo no mercado nacional. E depois de um ano (2015) em que não se verificou uma quebra de vendas, ao contrário do que se passou entre 2010 e 2014, António Archer tem expectativas de que 2016 seja um ano de alguma recuperação.

A Crivedi, criada em 1991, produz vestuário para o mercado nacional e para exportação. A empresa tem uma equipa de perto de três dezenas de trabalhadores, que fazem o desenvolvimento de colecções, incluindo a confecção de protótipos, que depois são propostos aos clientes. O fabrico dos artigos é depois subcontratado em têxteis da região.

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