Porto quer mostrar o escondido Rio de Vila

Programa da empresa Águas do Porto deverá ser apresentado ao executivo de Rui Moreira na reunião extraordinária de 2 de Dezembro.

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O Rio da Vila corre entre a Estação de S. Bento e a Praça da Ribeira, sob as ruas de Mouzinho da Silveira e de S. João Paulo Pimenta

A empresa municipal Águas do Porto quer que os portuenses, visitantes e turistas conheçam melhor o património desconhecido sob a sua alçada, nomeadamente, alguns cursos subterrâneos, que correm sob as ruas da cidade. O Rio da Vila, que corre em grande parte por baixo da Rua de Mouzinho da Silveira, é o primeiro curso de água que a empresa quer musealizar e o concurso para elaboração do projecto deverá ser lançado ainda este ano.

O programa de musealização da galeria do Rio da Vila vai ser apresentado ao executivo da Câmara do Porto na reunião extraordinária que o presidente Rui Moreira agendou para o dia 2 de Dezembro, mas a intenção das Águas do Porto de avançar com este processo fora já anunciada nos documentos de gestão previsional distribuídos à vereação na semana passada.

O Rio da Vila corre entre a Estação de S. Bento e a Praça da Ribeira, sob as ruas de Mouzinho da Silveira e de S. João. Os responsáveis pela gestão da cidade foram encanando o curso de água que, no século XIX, servia sobretudo como depósito para os detritos dos portuenses. O troço que as Águas do Porto querem devolver aos olhos dos visitantes corre entre a Estação de S. Bento e o Largo de S. Domingos e foi encanado, por decisão municipal de 1872.

No documento que será apresentado à vereação, e a que o PÚBLICO teve acesso, descreve-se que o Rio da Vila “encontra-se em galeria que, maioritariamente, é constituída por hasteais e abóbada em pedra granítica apresentando em si uma beleza histórica, cultural e patrimonial”.

São 350 metros que correm por baixo de Mouzinho da Silveira e onde, segundo as Águas do Porto, é possível encontrar vestígios “desde a época Romana até à actualidade”. O plano da empresa municipal é que o acesso a este mundo subterrâneo possa ser feito através da estação de metro de S. Bento, “para uma sala onde se irá instalar o serviço de bilheteira, local para exposições e apresentações e posterior porta de acesso ao percurso visitável”. Esta não é, contudo, uma solução fechada e estará ainda a ser discutida com a Metro do Porto.

O programa de musealização está orçado em 820 mil euros – 120 mil dos quais destinados à elaboração do projecto – e só deverá estar concluído, a cumprirem-se os prazos, no início de 2018. As Águas do Porto acreditam que “pela sua originalidade [o Rio da Vila será] mais um factor de atracção, com a possibilidade de vir a agregar os outros percursos subterrâneos de tipologia idêntica existente na cidade”.

Nos instrumentos previsionais da empresa municipal classifica como “problemática […] a situação de abandono do património histórico adstrito ao ciclo urbano da água”. Para tentar ultrapassar esse problema, a Águas do Porto realizou um Estudo de Valorização de Bens Patrimoniais. O património foi inventariado e caracterizado e, deste trabalho, resultou a intenção de avançar com dois projectos já em 2016.

Um deles é a musealização do Rio da Vila o outro a reabilitação do reservatório da Pasteleira “no sentido da sua reconversão um espaço polivalente para actividades de carácter cultural”, lê-se no documento. Além da reutilização destes dois espaços actualmente fechados à cidade, a Águas do Porto pretende avançar também em 2016 com a reabilitação do Pavilhão da Água, no Parque da Cidade, numa obra que se deve prolongar para o ano de 2017.

Preparados durante a presidência de Pedro Matos Fernandes, estes projectos já não serão apresentados pelo engenheiro civil, escolhido por António Costa para ministro do Ambiente do Governo que toma posse na tarde desta quinta-feira.

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