“Momentos fracturantes não se comemoram, recordam-se”, diz Eanes sobre o 25 de Novembro

Antigo Presidente da República português está nas Filipinas para receber o Prémio Internacional da Paz Gusi.

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João Cordeiro diz ser uma grande honra ter Ramalho Eanes como mandatário na sua candidatura Luis Azanza (arquivo)

O ex-Presidente da República e protagonista do 25 de Novembro de 1975, António Ramalho Eanes, disse nesta terça-feira que aquela data foi um "momento fracturante" e que momentos desses "não se comemoram".

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O ex-Presidente da República e protagonista do 25 de Novembro de 1975, António Ramalho Eanes, disse nesta terça-feira que aquela data foi um "momento fracturante" e que momentos desses "não se comemoram".

"O 25 de Novembro foi um momento fracturante e eu entendo que os momentos fracturantes não se comemoram; recordam-se e recordam-se apenas para reflectir sobre eles. No caso do 25 de Novembro, devíamos reflectir por que é que nós portugueses, com séculos e séculos de história, com uma unidade nacional feita de uma cultura distintiva profunda, por que é que chegámos àquela situação, por que é que chegámos à beira da guerra civil", disse Ramalho Eanes, em declarações à TDM, a rádio e televisão pública de Macau.

O golpe do 25 de Novembro de 1975 pôs fim ao PREC (Processo Revolucionário em Curso), como ficou conhecido o período que se seguiu à Revolução do 25 de Abril de 1974, que acabou com a ditadura do Estado Novo.

O antigo Presidente da República (1976-1986) falava à TDM em Manila, capital das Filipinas, onde nesta quarta-feira recebe o Prémio Internacional da Paz 2015, atribuído pela fundação Gusi Peace Prize International. Considerado o "Prémio Nobel da Ásia", o Prémio Internacional da Paz Gusi — assim designado em homenagem ao capitão Gusi, combatente da II Guerra Mundial, que foi líder político e defensor dos direitos humanos nas Filipinas — reconhece o trabalho de individualidades ou organizações que contribuam para a paz e para a justiça global.

Ramalho Eanes é distinguido "em reconhecimento da sua carreira e do seu papel como estadista", juntamente com defensores humanitários e activistas de direitos humanos de todos os continentes.

Nas mesmas declarações de hoje à TDM, Ramalho Eanes disse ainda que as "condições estabelecidas no acordo" firmado entre Portugal e a China para a transferência da soberania de Macau, que ocorreu em 1999, estão a ser respeitadas por Pequim.