Morreu António Marta, ex-vice-governador do Banco de Portugal

Foi o último presidente da Comissão de Integração Europeia. Economista morreu após uma intervenção cirúrgica.

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Banco de Portugal mudou de opinião Pedro Cunha/arquivo

O economista e gestor António Marta, número dois de Vítor Constâncio no Banco de Portugal (BdP), morreu esta segunda-feira na sequência de uma intervenção cirúrgica ao coração. 

Licenciado pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), entre 1964 e 1969, com licenciatura em Macro e Moeda e Bancos, a sua formação académica envolveu ainda a frequência, entre 1974 e 1975, do IMF Institute em Washington.

António Marta foi o último presidente da Comissão de Integração Europeia, sucedendo naquelas funções a José Pires de Miranda (de 1979 a 1980). Esteve à frente da comissão durante seis anos. Foi vice-presidente da Comissão para a Integração Europeia e director-geral do Secretariado durante o VII Governo Constitucional (9 de Janeiro de 1981 a 4 de Setembro de 1981). 

O seu nome foi sugerido ao ex-primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão para integrar o grupo que preparou a adesão de Portugal à União Europeia por Álvaro Barreto,na altura com a tutela de ministro da Integração Europeia. Marta ficou então a trabalhar directamente com o secretário de Estado para a Integração Europeia, Joaquim Ferreira do Amaral. 

No período em que esteve ligado à Comissão de Integração Europeia, teve de lidar com dois governos social-democratas (Francisco Balsemão) e um socialista (Mário Soares). E três ministros das Finanças: Álvaro Barreto, João Salgueiro e Hernâni Lopes.

Em Junho de 1994, o economista entrou para a administração do BdP onde se manteve até Março de 2006, com o pelouro da supervisão financeira. Em 2006, Marta pediu a passagem à reforma e foi substituído por Pedro Duarte Neves, o actual vice-governador do BdP, que assumiu a liderança do departamento de supervisão. Foi no quadro das suas responsabilidades como vice-governador do BdP  que seria chamado a prestar esclarecimentos nas comissões de inquérito parlamentar à supervisão ao BCP e à nacionalização e fiscalização ao BPN, que foi alvo de intervenção pública em 2008.

A carreira de Marta na banca ficou ainda marcada pela passagem pelo Banco de Fomento Nacional (agora BPI), de que foi vice-presidente, e pelo Banco de Comércio e Indústria (que deu origem ao Santander) entre 1990 e 1994.

Na nota de pesar enviada à família do economista e publicada no site da Presidência da República, Cavaco Silva lamentou a morte de António Marta, destacando-o como “europeísta convicto" e "profundo conhecedor dos assuntos comunitários”, salientando o seu “papel essencial na adesão de Portugal às Comunidades Europeias".

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