Movimento pela navegabilidade do Tejo nasce em Vila Franca de Xira

Há quem defenda um canal navegável da foz à fronteira, embora admitindo que pode ser uma obra complexa e onerosa.

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Autarcas da Área Metropolitana de Lisboa discordam da fusão dos 18 sistemas existentes em apenas quatro PEDRO CUNHA/Arquivo

Criar um movimento nacional em defesa da navegabilidade do Tejo e uma associação que promova o potencial turístico e económico do maior rio ibérico, são alguns dos objectivos traçados numa conferência sobre esta temática organizada nesta quinta-feira, em Vila Franca de Xira, pela confraria Tejo Vivan. Foi a primeira de um ciclo de três conferências que servirão de preparação para o III Congresso do Tejo, já previsto para Outubro de 2016. Em foco estiveram, desta vez, os condicionalismos à navegação no rio, o assoreamento, a falta de rampas públicas de acesso e a falta de articulação entre diversos projectos de aproveitamento das potencialidades do Tejo.

Carlos Salgado, presidente da Tejo Vivan, considerou “inadiável” a elaboração de um plano estratégico de protecção e valorização do Tejo e da sua bacia hidrográfica que, vincou, se estende por um terço do território continental português. “Um canal navegável desde a foz até à fronteira seria o ideal, mas admito que uma obra como esta teria custos consideráveis e carece de um estudo sério que permita avaliar a relação custo-benefício. Mas tecnicamente não é impossível”, salientou Carlos Salgado, frisando que o Tejo ainda tem vários troços “onde se pode navegar”, mas onde é preciso fazer investimentos importantes de desassoreamento, como são os casos dos troços entre a foz e Valada, entre Vila Nova da Barquinha e Constância e nas zonas das albufeiras de Belver, Fratel e Tejo internacional.

“A União Europeia está determinada a incrementar esta modalidade de transportes fluviais, reconhece as vantagens do transporte de mercadorias pelas vias navegáveis interiores, ao ponto de ter criado um programa de incentivo aos estados membros para que invistam neste sistema de transportes”, acrescentou Carlos Salgado, lamentando a forma como o Tejo tem sido esquecido pelos sucessivos governos portugueses.

A intervenção de Paulo Andrade foi no mesmo sentido, lamentando que, praticamente, se tenha deixado de fazer dragagens no Tejo. “Sempre houve assoreamento, mas havia dragagens permanentes no Tejo. Hoje há duas coisas que desapareceram do tejo, os golfinhos e as dragagens”, sublinhou o secretário-geral da Marinha do Tejo e presidente da Associação Náutica da Marina do Parque das Nações, vincando que até nesta área dos Olivais onde funciona a marina há sérios problemas de assoreamento. No seu entender há, também, problemas de indefinição porque, pese embora a legislação náutica seja imensa, não está definido quem é responsável pelo desassoreamento do Canal de Cabo Ruivo, junto ao Parque das Nações.   

Já Gabriela Moniz, directora da Administração Regional Hidrográfica do Tejo, considerou que “é relevante para a economia nacional e regional revitalizar o Tejo e criar condições para uma estratégia de desenvolvimento que passa necessariamente pela sua navegabilidade”, frisou, preconizando o fomento dos transportes fluviais e das actividades ribeirinhas. Segundo Gabriela Moniz, está em fase adiantada a discussão do Plano de Gestão da Bacia Hidrográfica do Tejo, que identifica necessidades e medidas para uma gestão integrada e o uso sustentável do rio.

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