Marcelo gera mal-estar no PSD e há dirigentes que ponderam não o apoiar

Há quem considere que uma candidatura protagonizada por Rui Rio “faz sentido”. O ex-autarca do Porto conta a partir desta terça-feira com duas páginas online de apoio à corrida a Belém.

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Sectores do PSD descontentes com Marcelo voltam a trazer à baila o nome de Rui Rio para as presidenciais Diogo Batista

Há um profundo mal-estar em alguns sectores do PSD relativamente ao desempenho de Marcelo Rebelo de Sousa. Os sociais-democratas discordam da “colagem demasiado à esquerda” que o candidato à Presidência da República tem vindo a fazer e há líderes distritais que ameaçam não subscrever a sua candidatura se não assumir que tem de haver uma clarificação política em 2016, leia-se eleições legislativas.

Este mal-estar no PSD em relação a Marcelo “não é de ontem nem é de anteontem, nem de uma há semana”, garante ao PÚBLICO fonte social-democrata, revelando que o partido gostava que o professor assumisse publicamente o que faria perante a actual crise política que varre o país. “Marcelo tem mantido uma posição completamente equidistante sobre a situação política, evitando dizer o que faria se fosse Presidente da República”, insurge-se um outro social-democrata, considerando que o ex-líder do partido não pode “andar a fazer discursos que agradam à esquerda, enquanto a direita vive momentos agitados por causa da maioria negativa”.

Mas não é apenas o PSD que se sente desconfortado. O CDS, pela voz do ex-ministro da Economia, António Pires de Lima, disse que o país vai precisar de uma clarificação política assim que possível e desafiou Marcelo a dizer isso mesmo. Caso contrário, adverte o ex-governante, pode “abrir uma auto-estrada para que apareça outra candidatura à direita”.

 Ao Expresso, Pires de Lima voltou a defender que o “centro-direita tem vantagem em unir-se”, mas perante o desempenho de Marcelo, diz que o “centro-direita precisa também de um candidato que assuma de forma mais directa que o país precisa de uma clarificação política em 2016”.

Álvaro Amaro, líder da Associação dos Autarcas Social-Democratas e presidente da Câmara da Guarda, discorda desta posição, embora considere que “tem de haver uma clarificação politica daqui a um ano, dois, três ou quatro anos”. Quanto ao resto, diz que “não se pode exigir a um candidato presidencial que diga que vai clarificar a situação política, porque isso seria um erro político histórico”.

Apoiante de Marcelo desde a primeira hora, Álvaro Amaro, que já liderou a distrital do PSD da Guarda concorda com a estratégia seguida pelo candidato a Belém e aplaude o seu discurso, que considera “transversal aos partidos políticos”. E atira mais um argumento: “Discordo profundamente daqueles que dizem que o candidato a Presidente da República tem que antecipar cenários políticos. Isso só deve acontecer depois de ser eleito e no recato da Presidência da República”.

Na opinião de um outro dirigente do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa fez duas ou três intervenções públicas - a mais criticada foi a que se realizou na Voz do Operário, em Lisboa - que deixaram o partido apreensivo e de pé atrás. Descontente com a prestação o professor, a mesma fonte lança uma pergunta: “ Por que razão é que temos de andar com ele ao colo se ele não se compromete a realizar eleições em 2016 permitindo fazer uma clarificação política da situação?”

Ontem, voltou-se a ouvir falar de Rui Rio, depois de há mais de um mês ter fechado a porta a uma candidatura presidencial.

Segundo a edição online da revista Visão, Rio passaria a contar a partir desta terça-feira com duas páginas de apoio. Ambas as páginas – o site Rui a Presidente – e a página de Facebook – dão corpo à vontade de um centrão que se diz “desiludido com Marcelo Rebelo de Sousa e órfão de candidato a Belém”. As duas páginas defendem que a candidatura de Rio “faz sentido” no quadro de incerteza em que o país vive. O ex-presidente da Câmara do Porto só admitiria ir a jogo se hipoteticamente houvesse uma “revolta” contra Marcelo.

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