Um belo filme

O primeiro filme de João Pedro Plácido, Volta à Terra, é uma maravilha.

O primeiro filme de João Pedro Plácido, Volta à Terra, é uma maravilha. É um documentário que nos mostra pessoas que são luminosas, sagazes, imprevisíveis - e verdadeiras.

O filme está tão bem filmado e montado e conta as histórias que escolheu com tanta emoção que nos deixamos alegremente manipular.

A aldeia minhota de Uz parece existir como a Rimini de Fellini em Amarcord, só que existe mesmo assim. As ovelhas são tosquiadas com tesouras. Leva uma eternidade mas as ovelhas, pacientes, agradecem.

Plácido tem as raízes familiares em Uz e consegue filmar os habitantes como se não estivessem a ser observados. Foi lá filmar várias vezes (até durante um nevão) mas só aproveitou os bocados mais bonitos, interessantes e engraçados.

Volta à Terra faz rir - e muito. Não é um riso cruel e distante: é um riso cúmplice e deliciado. Plácido escolheu as conversas e as exclamações mais desconcertantes e encantadoras. Mostra o que é a liberdade rabugenta, estóica e espirituosa daquelas pessoas que tivemos a sorte de conhecer.

É um documentário de amor e o amor de Plácido pela gente de Uz, sendo grandioso, é partilhado com os espectadores. Quando não nos está a fascinar e divertir comove-nos e apanha-nos os cantinhos dos olhos.

O filme é, por si só, muito bonito. É um documentário honesto e rico, que sabe que a realidade que contém basta e sobra. O fim chega tão depressa que não se acredita que já passou meia-hora, muito menos 78 minutos. É ou não é bom sinal?

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