O filme que antecipou os atentados de Paris acaba de ver a estreia adiada

Made in France, sexta longa-metragem do realizador Nicolas Boukhrief, deveria ter chegado às salas francesas esta quarta-feira, 18 de Novembro.

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É um daqueles casos em que a realidade parece acertar o passo com a ficção: um thriller francês com um cartaz onde a torre Eiffel era parcialmente substituída por uma metralhadora, acaba de ver a sua estreia adiada.

Made in France, sexta longa-metragem do realizador Nicolas Boukhrief, deveria ter chegado às salas francesas esta quarta-feira, 18 de Novembro, e o cartaz publicitário, com o slogan “A ameaça é interna”, estava já a ser colado por toda a cidade. A distribuidora Pretty Pictures suspendeu imediatamente a campanha de marketing e adiou a estreia de Made in France para 2016, anunciando igualmente que o cartaz será alterado.

O filme relata a odisseia de um jornalista infiltrado numa célula terrorista muçulmana dos subúrbios parisienses; um dos actores, Dimitri Storoge, disse ao jornal Le Monde que durante o trabalho de pesquisa e rodagem a sensação de uma ameaça latente nunca abandonou a equipa. Nicolas Boukhrief, ex-fundador da revista Starfix e co-argumentista de Assassino(s) de Mathieu Kassovitz, pusera em marcha o projecto em 2013, mas a sua dimensão política assustou financiadores e produtores. 

Em declarações a Samuel Blumenfeld do Le Monde, o realizador afirmava que desde o primeiro minuto que as estruturas de financiamento francesas tinham manifestado pouca vontade de pegar no filme. A rodagem concluiu-se em Outubro de 2014, mas na sequência dos atentados do Charlie Hebdo em Janeiro deste ano, o grupo de media M6, co-produtor e distribuidor, achou por bem retirar-se do filme, que passou os meses seguintes em busca de um distribuidor.

Made in France não é o único filme afectado pelos atentados de 13 de Novembro: duas outras estreias previstas para esta semana em França, A Ponte dos Espiões de Steven Spielberg e o western de Gavin O'Connor Jane Got a Gun, com Natalie Portman, foram também adiadas para datas posteriores. E o drama familiar do dinamarquês Joachim Trier Louder than Bombs, que estrearia em França no início de Dezembro, viu o seu título local ser alterado de Plus fort que les bombes para Back Home para evitar quaisquer confusões.

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