Bolsa de Lisboa encerrou ligeiramente negativa, em dia misto na Europa

Juros da dívida portuguesa em queda, mas com o spread face às congéneres do Sul da Europa a aumentar.

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Treze cotadas do PSI-20 perderam valor Foto: Pedro Valdez

A Bolsa de Lisboa, que encerrou antes da votação da moção de rejeição do programa do Governo, terminou a sessão desta terça-feira com uma queda de 0,33%, a maior da Europa, depois de ter estado a negociar em terreno positivo ao princípio da tarde, embora com valorizações modestas.

A votação da moção de rejeição do programa do Governo foi aprovada pelos deputados da oposição, resultado que já estará incorporado nos mercados. No entanto, a incerteza face à decisão a tomar pelo Presidente da República pode condicionar a evolução do mercado accionista e da dívida soberana nos próximos dias.

A evolução da Bolsa de Lisboa nesta terça-feira esteve em sintonia com a forte volatilidade que se verificou nas restantes praças europeias, que acabaram por encerrar mistas, ainda a reflectir os fortes receios de subida das taxas de juro por parte da Reserva Federal norte-americana.

Em terreno ligeiramente positivo encerraram as praças de Frankfurt, de Paris, de Madrid e Milão. Em terreno negativo, e para além de Lisboa, estiveram as bolsas de Londres e da Bélgica.

Na praça portuguesa, o sector da banca, que tem sido o mais penalizado nos últimos dias, encerrou misto, com o Banif a perder 8,0%, e o BCP a desvalorizar-se 1,61%. A contrariar a tendência dos seus pares, o BPI terminou a sessão com um ganho de 1,96%.

No universo das 18 empresas que integram o principal índice da Bolsa de Lisboa, seis terminaram com ganhos. Este grupo foi liderado pela Pharol, com uma valorização de 3,57%.

No mercado da dívida pública, o dia foi de correcção da subida das taxas de juro da véspera, ajudada pelas declarações de membros do conselho de governadores do Banco Central Europeu à Reuters de que "se está a formar um consenso no banco central para levar as taxas dos depósitos dos bancos juntos do BCE para território ainda mais negativo”. Esta medida visa incentivar os bancos a conceder mais dinheiro às empresas e famílias.

De acordo com dados da Reuters do início da tarde, a taxa de juro implícita da dívida soberana portuguesa a 10 anos descia 3 pontos base, para 2,84%, beneficiando, tal como os pares, da perspectiva, de mais estímulos do BCE em Dezembro. A yield da dívida portuguesa continua, no entanto, bem mais alta do que os 2,68% face ao fecho de sexta-feira e os 2,3% antes das eleições legislativas de 4 de Outubro.

Apesar da queda da taxa de juro, o spread (diferencial) das OT portuguesas a 10 anos face às congéneres espanholas e gregas tem estado a alargar-se, o que é negativo.

O dia foi de queda nos restantes prazos da dívida portuguesa, seguindo o comportamento das obrigações soberanas dos outros países do Sul da Europa.

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