Eles vivem in the wild e não querem regressar

Danila Tkachenko
Fotogaleria
Danila Tkachenko

O jovem fotógrafo russo Danila Tkachenko viajou "em busca de pessoas que decidiram escapar da vida social e viver em isolamento no meio da natureza, longe de aldeias, cidades e outras pessoas". A exclusão destes homens é voluntária e baseada numa "enorme desilusão face à sociedade", revelou o fotógrafo em entrevista ao P3, via email. Os anos de afastamento resultaram na sua própria fusão com a natureza, salienta, "o que conduziu à perda da sua identidade social". Apesar disso, muitos daqueles com que contactou não firmaram barreira contra a sua presença. Pelo contrário, Danila foi acolhido calorosamente.

"Como nunca tinham com quem conversar, partilhavam sem filtros tudo o que pensavam." Um dos retratados era cientista, mais concretamente, biólogo. "Trabalhava na Academia de Ciências da Rússia, onde cultivava novas espécies de plantas. Com a queda da União Soviética, a sua pesquisa deixou de ser necessária. Agora vive sozinho, mas continua a dedicar-se à investigação. Actualmente desenvolve o cultivo uma nova espécie de ginseng." Todos os eremitas que conheceu partilham um denominador comum: "são pessoas muito trabalhadoras e têm um forte instinto de sobrevivência - ou não seriam capazes de sobreviver em condições tão adversas", evidenciou Tkachenko. A pré-produção do projecto durou três anos: "Tive de procurar referências na internet, ligar para vários jornais e administrações locais". "Viajei à sua procura, o que nem sempre foi fácil porque por vezes já não se encontravam no mesmo lugar". Quando tinha sorte e os encontrava, Danila apresentava-se, falava-lhes do projecto que pretendia desenvolver e mostrava-lhes o seu trabalho anterior. "Sempre que levava presentes, o que consideravam mais precioso era a comida porque vivem longe da civilização." Se concordassem em ser fotografados - o que nem sempre aconteceu - esperava pela luz ideal e só então o fazia."

Com Escape, o fotógrafo pretende levantar questões sobre a liberdade individual em contexto da sociedade moderna. "Escola, trabalho, família - uma vez neste ciclo fica-se prisioneiro dessa condição e é-se obrigado a cumprir uma série de deveres. Devemos ser pragmáticos e fortes ou devemos tornar-nos excluídos ou lunáticos? Como podemos posicionar-nos no meio de tudo isto?" O fotógrafo não sabe se os homens que retratou são felizes - tampouco acredita que a felicidade absoluta sequer exista. Mas garante: "definitivamente, eles não querem regressar".

Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko
Danila Tkachenko