Ser divino que nem sempre é amigo

“Princípio supremo que as religiões consideram superior à natureza”, regista um dicionário antigo sobre a palavra “Deus”. E acrescenta: “Ser infinito, perfeito, criador e conservador do universo.”

“Deus” foi ao Algarve e provocou cheias, “porque nem sempre é amigo”, segundo o ministro da Administração Interna, João Calvão da Silva. Já se lhe conhecia a ligação ao “Espírito Santo” (via “todo-poderoso” Ricardo Salgado), mas desconhecia-se-lhe os dotes para homilia. Ei-la: “A fúria da natureza não foi nossa amiga. Deus nem sempre é amigo. Também acha que de vez em quando nos dá uns períodos de provação. Em quase todo o lado, excepto em Albufeira, o nível autárquico foi suficiente de acordo com as medidas. E só não foi suficiente aqui em Albufeira, porque a força da natureza, na fúria demoníaca, embora os ingleses digam que é um acto de Deus, um act of God, a gente tem traduzir de outra maneira...” Seja.

“Na religião cristã”, escreve-se noutro dicionário, “Deus” corresponde a “cada uma das três pessoas da Santíssima Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

Na quinta-feira, também Paulo Portas, vice-primeiro-ministro, invocou o “Altíssimo”, ao dizer à Antena 1: “Graças a Deus tenho quem me substitua no conselho de ministros.”

Numa altura em que muitos portugueses andam ao “deus-dará” (“à toa”) por não saber quem os irá governar, talvez só lhes reste mesmo acreditar numa “entidade divina”. Se à esquerda chove, à direita troveja. Assim, se tem fé, reze; se não tem, reze também.

Sugerir correcção
Comentar