Sócrates feliz por “um novo Governo e um novo tempo político”

Ex-primeiro-ministro desejou “boa sorte” a eventual executivo do PS apoiado à esquerda.

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José Sócrates fotografado em Vila Velha de Ródão, a 24 de Outubro NFactos/Fernando Veludo/Arquivo

José Sócrates desejou “boa sorte” a um eventual novo Governo que sair do acordo entre o PS, BE e PCP. Na conferência em que participou na tarde deste sábado em Vila Real e promovida por autarcas e dirigentes socialistas transmontanos, disse que iria falar dele próprio e de justiça, mas preferiu começar pela política. Isto porque, sustentou, vive-se um tempo “interessante e inovador”.

“Anuncia-se um novo Governo para o nosso país, mas este não é apenas mais um governo. É verdadeiramente um novo Governo porque nasce de uma circunstância especial que nunca tinha sido alcançada. É um novo Governo e um novo tempo político”, sublinhou.

Para o ex-primeiro-ministro, agora é chegada a hora de um “novo discurso” em contraponto à “penitência a que estávamos resignados”. “É por isso que me junto a todos que no país têm este anseio. Que haja um novo Governo com uma nova visão de futuro e que restaure no discurso político o valor da igualdade, retomando o discurso do desenvolvimento em todo o país”, justificou.

“Durante quatro anos ouvimos um Governo explicar aquilo que não se devia fazer, é tempo de vir um Governo que diga aos portugueses aquilo que nós podemos fazer”, concluiu.

A Europa também não foi esquecida neste que foi o segundo discurso público de José Sócrates desde que foi libertado em Outubro. Para a Europa, Sócrates defendeu uma “liderança inclusiva” e feita com as “vozes pró-europeístas”. “Os temas da coesão e da igualdade económica têm de voltar à Europa e o que ela precisa é de um pouco mais de esquerda”, defendeu.

Perante uma plateia cheia no Teatro Municipal de Vila Real, onde até alguns presentes se posicionaram em cima do palco e à volta da mesa, o ex-primeiro-ministro terminou a sua participação, falando sobre a liberdade de expressão que tem, na sua opinião, “os seus limites, como todas as liberdades”.

“Não deixa de espantar que os espíritos mais liberais achem que podem pôr de lado aquilo que são os direitos individuais que figuram na nossa constituição num lugar nobre”, disse, a propósito do debate que suscitou a providência cautelar que proíbe o grupo Cofina de publicar notícias sobre a Operação Marquês.

Para José Sócrates, “o que se está a assistir são a campanhas organizadas de denegrimento”.

“Não estamos a falar de nenhum interesse público, é do interesse venal, comercial, porque o que se pretende quando se fazem essas notícias, além de se cometerem crimes, é vasculhar-se a vida das pessoas com o intuito de ter mais audiência e vender mais jornais e, portanto, ter mais lucro”, sustentou.

“Ao longo deste ano o que vimos foi uma instrumentalização permanente do segredo de justiça com o objectivo, não apenas de prender fisicamente, de destruir moralmente, mas também de prender na opinião pública”, concluiu.

Numa sala cheia de apoiantes e amigos, José Sócrates foi recebido com palmas, flores e abraços. Na plateia esteve o dirigente socialista José Lello que preferiu ouvir “as palavras” do seu amigo Sócrates a estar presente na Comissão Nacional do PS.

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