Primeiros turistas de volta a Londres, caos continua em Sharm el-Sheik

EasyJet anunciou que o Egipto não autorizou oito dos dez voos previstos para esta sexta-feira. Londres suspeita que alguém colocou bomba no porão de bagagens do avião russo que se despenhou no sábado

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Cerca de quatro mil britânicos têm viagem marcada para esta sexuat-feira Mohamed El-Shahed/AFP

O primeiro voo com passageiros britânicos que estavam de férias em Sharm el-Sheik já aterrou no aeroporto de Gatwick, nos arredores de Londres. Mas o repatriamento dos 20 mil britânicos que passavam férias naquela estância turística continua envolto em confusão.

O Egipto anunciou de manhã que apenas descolariam oito dos 29 voos que estavam previstos para esta sexta-feira, porque o aeroporto local não tem capacidade para lidar com tantos passageiros ao mesmo tempo. Antes, a EasyJet anunciou que as autoridades egípcias não deram autorização para a aterragem de oito dos dez aviões que tinha enviado para Sharm el-Sheik. Isto quando estavam já no aeroporto muitos dos 4000 turistas que tinham viagem marcada para esta sexta-feira.

Um dos cinco enviões enviados pela companhia aérea inglesa Monarch para repatriar turistas britânicos recebeu ordens para seguir para Chipre, por não ter autorização para aterrar em Sharm el-Sheik. O mesmo aconteceu a dois voos da Thomson, e um outro da Thomas Cook foi mandado regressar quando já estava no espaço aéreo albanês, diz o Guardian.

As autoridades aéreas egípcias negaram estar a bloquear o repatriamento, atribuindo a não autorização de aterragem às limitações operacionais do aeroporto. “Transportar milhares de pessoas num dia é incrivelmente difícil. Todos os passageiros têm de passar pelos procedimentos de segurança”, que foram reforçados nos últimos dias, adiantou um porta-voz do Ministério da Aviação Civil.

Os comunicados contraditórios aumentaram ainda mais a tensão que se vive no local desde que, quarta-feira, o Governo britânico ordenou a suspensão de todos os voos de e para Sharm el-Sheik, afirmando ter suspeitas fundadas de que o acidente de sábado foi provocado pela explosão de uma bomba a bordo do Airbus A320 da companhia russa Metrojet – afirmações que a Rússia e o Egipto, à frente da equipa que está a investigar as causas do acidente, classificaram de “especulação”.

Quinta-feira à noite, depois de ter enviado peritos para apoiar as autoridades egípcias a reforçar a segurança no aeroporto, Londres autorizou o início das operações de repatriamento. Os turistas britânicos foram, no entanto, avisados que só poderão embarcar com bagagem de mão.

Instruções que se prendem com os dados que o Governo britânico tem em mãos, adianta a BBC. Segundo a televisão pública britânica, os serviços de segurança receberam na quarta-feira novas informações, baseadas na intercepção de comunicações entre jihadistas egípcios, que os levam a crer que uma bomba com temporizador foi colocada no porão de bagagens do avião da Metrojet – ou dentro de uma das malas que foram despachadas ou colocada no compartimento por alguém imediatamente antes do avião deixar a gare. A estação sublinha que os investigadores britânicos admitem que o avião russo se possa ter partido no ar devido a uma falha mecânica grave, mas consideram a hipótese cada vez menos provável.

Ainda na quinta-feira, o Presidente norte-americano, Barack Obama, disse numa entrevista à rádio CBS que “há a possibilidade” de o avião russo ter sido alvo de um atentado bombista, ecoando os comentários do Governo britânico. Vários países europeus desaconselharam já visitas à Península do Sinai, bastião dos jihadistas que em 2014 se aliaram ao Estado Islâmico, e as companhias aéreas estão a suspender as operações para a região ou a adoptar medidas adicionais de segurança. A holandesa KLM anunciou que os passageiros de um voo previsto para esta sexta-feira do Cairo só poderão transportar bagagem de mão e a Air France decidiu também reforçar os seus procedimentos de segurança naquele aeroporto.

No portal das comunidades, o Ministério dos Negócios Estrangeiros desaconselha os cidadãos portugueses a "quaisquer viagens às áreas fronteiriças com a Líbia e o Sudão, bem como ao norte da península do Sinai" e também "as viagens não essenciais ao sul da península do Sinai, ao eixo de Suez – Ismailia - Port Saïd, ao Cairo e a Alexandria, principalmente aos locais habituais de realização de manifestações e potenciais focos de violência".

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