Ao terceiro fórum, o Interior ainda procura respostas básicas

O Fórum do Interior começa esta sexta-feira, em Penacova, sob o signo da Cooperação e Desenvolvimento Local.

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Há dois mil anos que se explora minério na Serra da Lousã Mário Augusto Carneiro

A parte do país que mais perde população não desiste de pensar. Mesmo que sejam cada vez menos as pessoas, ou por causa disso mesmo, a Animar - Associações Portuguesa de Desenvolvimento Local, organiza pelo terceiro ano consecutivo jornadas de reflexão e de troca de experiências que ajudem a mudar o panorama desse Interior que, no nome, já está a deixar de o ser, mas que continua a sofrer um estigma de subdesenvolvimento.

A expressão Interior está paulatinamente a ser substituída por “territórios de baixa densidade”. Uma denominação que permite incluir espaços do litoral que sofrem problemas “do interior”, entre os quais, à cabeça, está a demografia. Este, é sabido, tem sido apontado como um dos factores críticos para o desenvolvimento futuro do país - a braços com uma crise de emigração e uma crise de natalidade - que, de repente, discute aquele que antes de se tornar numa questão “nacional - e de Estado - tem sido o maior empecilho ao desenvolvimento do tal “Interior”.

O presidente da Animar, Eduardo Figueira, mantém a ideia de que os territórios do Interior têm de encontrar estratégias integradas de desenvolvimento capazes de atrair pessoas, tendo em conta o que são as suas capacidades específicas. Um pouco como está a fazer Idanha-a-nova, que desafiou esse movimento de fuga que levou centenas de milhares de pessoas para fora do país, convidando os portugueses a migrar, em vez de emigrar, dando condições a quem tome esta opção. Uma estratégia de desenvolvimento e de marketing terrorial de longo prazo, que envolve actores públicos e privados e que vai fazendo o seu caminho.

A Animar, que é uma federação de associações, acredita que o Interior mexe-se. É ver as várias oficinas que, com o apoio da Câmara de Penacova e da associação local Miro “montou” para este terceiro fórum, que abre com uma Conferência sobre as “Condições para o Desenvolvimento das Regiões do Interior”, por  Artur da Rosa Pires, da Universidade de Aveiro.  No primeiro dia, haverá um espaço para discutir  a Sustentabilidade e Desenvolvimento nos Territórios do Interior, através de projectos como a Incubadora Social Microninho (Serra da Lousã), o Todela+10 ou o Grupo Aprender em Festa (Gouveia). Noutra sala debatem-se, também com casos no terreno, os sectores estratégicos para uma economia do interior, tocando o artesanato, o património e turismo, a economia social e as políticas públicas.

O presidente da Animar chama a atenção para a importância de os actores destes territórios ollharem para a forma como espaços congéneres, fora do país, resolveram, ou estão a resolver, os seus problemas. E, por isso, no sábado, um dos painéis vai ser dedicado à Cooperação Internacional. Noutra sala vai debater-se a demografia e as migrações e a importância da economia social e haverá ainda uma mesas para apresentação do Programa Portugal Inovação Social, do quadro de financiamento Portugal 2020, que é apontado como uma fonte de financiamento importante para projectos com impacto nestas comunidades.   

Eduardo Figueira defende que, para além de financiamento, o país tem de discutir e aprovar rapidamente uma lei-quadro de desenvolvimento destes territórios de baixa densidade que, por um lado, garanta instrumentos de actuação nos vários sectores (economia, serviço social, saúde, educação, etc), mas que ao mesmo tempo tenha uma abertura suficiente para ser adaptado às especificidades de cada área do país. O problema, assume, é que hoje em dia uma comunidade até pode ter um bom plano estratégico, mas esbarrar num muro de legislação que impede a sua melhor concretização. E é para desfazer esses muros que, tal como fez depois do fórum de Castro Daire (2013), e de Vila Real (2014), a Animar levará, depois, as conclusões deste encontro aos vários partidos com representação parlamentar.

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