Mário Barbosa: “Um grande instituto como este tem de ter impacto na qualidade de vida das pessoas”

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Mário Barbosa, o director do novo I3S Diogo Baptista

Depois de ter liderado o Instituto de Engenharia Biomédica (Ineb) durante 12 anos, Mário Barbosa é agora o director do novo Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S). O professor catedrático do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar acredita que a mudança para novas instalações é o ponto de partida para uma fase de maior afirmação internacional e relevância a nível clínico da investigação em saúde feita a partir do Porto.

Quais são as vantagens de colocar o Ineb, o IBMC (Instituto de Biologia Molecular e Celular) e o Ipatimup (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto) a trabalhar conjuntamente neste novo centro de investigação?
Temos aqui plataformas científicas – equipamentos de ponta e pessoas especializadas que prestam apoio aos cientistas nas suas investigações – que são muito potentes do ponto de vista tecnológico e que vão estar disponíveis, de uma forma bastante aberta, quer à comunidade I3S quer a outros grupos. Além disso, conseguimos juntar 50 grupos de investigação – que vão desde a investigação fundamental até à investigação clínica – à volta de três grandes programas integradores: cancro; neurociências e doenças degenerativas; e interacção entre hospedeiro, patogénicos e dispositivos médicos. Cada um deles tem grupos dos três institutos. A nossa ideia é que as pessoas se sintam cada vez mais “I3S”, sem perderem a sua história e a ligação a esses institutos. O novo edifício permite dar mais eficácia ao trabalho e também maior visibilidade ao que fazemos.

Por que motivos foram estas três as áreas escolhidas?
Porque existia uma história em cada uma delas dentro dos três institutos de origem e quisemos aproveitar essa tradição e o reconhecimento internacional que já havia. Todavia, algumas pessoas trabalhavam em áreas que não se identificavam de uma forma muito óbvia com estes três programas. Por isso, em 2013 fizemos um esforço para que pudessem perceber qual era a vantagem de estarem juntas e de focarem a sua investigação nessas três áreas. Não é possível um instituto de investigação na nossa área ser competitivo a nível internacional se não tiver uma estrutura bastante forte, organizada à volta de áreas de maior focagem.

O que vai permitir este edifício que não era possível nos anteriores?
Os edifícios começavam a estar a abarrotar. Quando entrei no IBMC, os laboratórios davam para dez pessoas. Agora estavam lá 90 pessoas, que já quase trabalhavam por turnos. Um edifício como este novo permite-nos fazer coisas com outra tranquilidade e com outras condições. Este é um edifício projectado para o século XXI e hoje em dia a investigação é feita em condições bastante diferentes. A grande mudança é a relevância que é dada às plataformas científicas, mas também não tínhamos outras valências como a área da cultura científica e da promoção da saúde, nem da transferência de tecnologia e de programas. Hoje temo-las. A interacção com os hospitais também passa a ser muito mais forte. Uma das razões para termos vindo para aqui é podemos estar num pólo que tem uma ligação forte aos hospitais próximos como o Instituto Português de Oncologia ou o Hospital S. João.

Como imagina o futuro do I3S depois desta fase de arranque?
Só pode ser melhor do que o passado. Temos aqui condições para fazer nascer sinergias e teríamos que ser muito burros para não conseguirmos fazer melhor do que até agora. A intenção é que a nossa investigação, com as condições que passamos a ter, tenha mais peso a nível internacional, mas também maiores possibilidades de ter impacto a nível clínico. Um grande instituto como este tem de ter impacto na qualidade de vida das pessoas.

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