Cartas à Directora

Continua o apadrinhamento do Presidente da República

A indigitação do Passos Coelho para primeiro-ministro significa que o Presidente da República não desiste de apadrinhar a direita portuguesa e quer impô-la ao país.

E, pior ainda, dá recados aos deputados da Assembleia da República para não aceitarem um governo do PS, claramente apoiado pelos partidos da esquerda.

É o confronto com o sentido maioritário do eleitorado, que não quer as políticas da direita.

Até quando abusará o Presidente da República da nossa paciência! E o povo aceitará calado esse abuso?

Guilherme Fonseca, Lisboa, juiz-conselheiro

 

Os parênteses de Manuel Carvalho

No seu último artigo titulado "A hora de embainhar as espadas", faz o jornalista Manuel Carvalho uma muito interessante análise sobre o actual momento, com a qual concordo em boa medida.

Pena é que não se contenha e aduza, também ele, o estafado e intencionalmente falso juízo sobre o acordo dos partidos da esquerda parlamentar, que ele considera, entre parênteses, cito, "uma negociata nos bastidores sem ser apresentada ao escrutínio democrático dos eleitores na campanha". Ou seja, para Manuel Carvalho, como para toda a direita, os dirigentes do PS, mesmo antes de saberem os resultados das eleições deveriam ter dito que iriam fazer um acordo com o PCP e o BE, mas não precisavam de dizer que fariam um acordo com a direita. Neste caso seria democrático não o anunciar. Mas que critério é este?! É o mesmo do actual Presidente, em que só um acordo do PS com o PaF é que é bom?! E se António Costa tivesse anunciado, em campanha, um acordo à esquerda e esta não tivesse uma votação que o permitisse? Já achava bem, Manuel Carvalho? E António Costa não denunciou logo no seu discurso no congresso do PS o princípio do "arco da governação" e não afirmou que não se poderiam excluir outros partidos da possibilidade de governar? E não afirmou em campanha, mais do que uma vez, que chumbaria o OE que fosse apresentado pela coligação? E, durante a campanha eleitoral, não afirmou António Costa que estava aberto a um acordo de legislatura com qualquer partido desde que fosse garantido um governo estável e duradouro? E não trabalhou nesse sentido, tomando a iniciativa de se reunir e discutir com todos os partidos com assento parlamentar? Se alguém contou com o ovo na galinha não foram seguramente os partidos à esquerda, mas a coligação, o actual Presidente e a direita em geral. Daí a insistência, mesmo que entre parênteses, no argumento da "negociata".

Artur Pinto, Lisboa

 

 

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