All Blacks fazem história com o primeiro “tri”

Num grande jogo de râguebi, a Nova Zelândia derrotou a Austrália, por 34-17, e conquistou pela terceira vez o título mundial.

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Primeiros a ganharem três vezes o Campeonato do Mundo e primeiros a defenderem com sucesso o título. Os All Blacks escreveram neste sábado, em Londres, mais uma página de ouro na história do râguebi mundial e, com uma vitória indiscutível, por 34-17, contra a Austrália, quebraram um tabu com mais de duas décadas: os neozelandeses nunca tinham levantado a taça Webb Ellis fora do seu país.

“Eu quero ser um grande All Black, mas não há possibilidades de seres um grande All Black sem conquistares o Campeonato do Mundo. Não podes negar que o Richie [McCaw] é o melhor número 7 do mundo. Não podes negar que o Daniel [Carter] é o melhor número 10 do mundo. Mas eles sabem, e eu sei, que, para sermos lembrados, temos que ganhar o Campeonato do Mundo.” Há quatro anos, antes da final entre a Nova Zelândia e a França no Mundial 2011, a frieza da análise de Ali Williams, jogador que vestiu a camisola neozelandesa por 77 vezes, era reveladora da forma como a mentalidade All Black estava mudada.

Vencedores da primeira edição da competição, em 1987, os neozelandeses foram, nos cinco campeonatos seguintes, sempre considerados como os principais favoritos, mas nos momentos decisivos, um cocktail de soberba, excesso de confiança e prepotência acabou por se revelar explosivo e os All Blacks saíram sempre de cabeça baixa, sem levantarem a taça Webb Ellis. O chip, no entanto, mudou em 2007, com o afastamento nos quartos-de-final, o pior registo da história da Nova Zelândia.

Conscientes de que serem os melhores nem sempre era receita suficiente para ganhar, os All Blacks deixaram de olhar apenas para o próprio umbigo e começaram a procurar, também, jogar em função do adversário que tinham pela frente para, assim, colocarem os seus nomes na história do râguebi mundial. Esse objectivo começou a ser conseguido com a vitória em 2011, mas para McCaw, Carter e companhia faltava superar um último teste: serem campeões fora da Nova Zelândia e tornarem-se nos primeiros a conquistar o “tri”. Para isso, os neozelandeses precisavam de derrotar os seus principais rivais e a última equipa que, apenas 85 dias antes, os tinha vencido.

Na grande final de Twickenham, certamente uma das melhores de todos os Mundiais, a entrada em campo dos All Blacks foi avassaladora e decisiva para o desfecho do jogo. Nos primeiros 40 minutos os neozelandeses dominaram por completo a Austrália, mas o merecido ensaio da Nova Zelândia apenas chegou no último minuto da primeira parte, pelo ponta Milner-Skudder.

A supremacia All Black manteve--se no regresso dos balneários e, menos de 90 segundos depois do recomeço, Nonu serpenteou pelo meio da defesa Wallaby, marcando um grande ensaio que parecia sentenciar a final: 21-3. Porém, dez minutos depois, a exclusão por dez minutos de Ben Smith virou o jogo ao contrário. Em inferioridade, os All Blacks tremeram pela primeira vez e a Austrália, com dois ensaios (Pocock, 53’ e Kuridrani, 64’), num ápice reentrou na discussão da vitória (21-17), dando nova emoção a um duelo que parecia decidido.

O segundo toque de meta australiano coincidiu, no entanto, com o regresso de Smith ao relvado e, em igualdade numérica, os All Blacks colocaram um travão na reacção da Austrália, contando para isso com a inconfundível classe de Carter: aos 70’, o abertura, a 40 metros de distância, colocou a bola entre os postes com um pontapé de ressalto e, cinco minutos depois, com uma penalidade, cavou um decisivo fosso de 10 pontos de diferença (27-17).

O “tri” já estava entregue e a festa dos “homens de negro” prestes a começar, mas ainda houve tempo para Beauden Barrett fazer o terceiro ensaio da Nova Zelândia, fixando o marcador final em 34-17.

Foi a despedida perfeita para Dan Carter, sem dúvida o “homem do jogo”, e provavelmente para Richie McCaw, que no final da partida disse “nim”, quando questionado sobre se era o último encontro com a camisola All Black.


Números do Austrália-Nova Zelândia (17-34)

Ensaios
Austrália – 2 (Pocock, 53’; Kuridrani, 64’)
Nova Zelândia – 3 (Milner-Skudder, 39’; Nonu, 42’; Barrett, 79’)

Penalidades convertidas
Austrália – 1
Nova Zelândia – 4

Pontapé de ressalto
Austrália – 0
Nova Zelândia – 1

Posse de bola
Austrália – 47 %
Nova Zelândia – 53 %

Ocupação de terreno
Austrália – 46 %
Nova Zelândia – 54 %

Metros percorridos
Austrália – 415
Nova Zelândia – 501

Placagens realizadas
Austrália – 111
Nova Zelândia – 107

Placagens falhadas
Austrália – 26
Nova Zelândia – 15

Formações ordenadas a favor
Austrália – 4 ganhas, 1 perdida
Nova Zelândia – 3 ganhas, 0 perdidas

Alinhamentos conquistados ao adversário
Austrália – 0
Nova Zelândia – 1

Penalidades concedidas
Austrália – 10
Nova Zelândia – 7

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