All Blacks e Wallabies lutam por um inédito tri
Nova Zelândia e Austrália já se defrontaram 154 vezes, mas estarão hoje, em Londres, pela primeira vez frente a frente na final de um Campeonato do Mundo
Ultrapassado com mérito, nas meias-finais, o teste contra a selecção contra a qual detém a pior percentagem de vitórias (África do Sul), a Nova Zelândia está a 80 minutos de voltar a fazer história no râguebi. Os All Blacks, que nunca foram campeões do mundo fora das suas fronteiras, podem tornar-se os primeiros a vencer por três vezes o Mundial, mas para isso terão que ultrapassar hoje, em Twickenham, a partir das 16h00, a competente Austrália, a única selecção que conseguiu bater os neozelandeses nos últimos 12 meses e que pode, igualmente, sagrar-se tricampeã em Londres.
Na história do râguebi mundial não há registo de nenhum outro frente-a-frente entre selecções que consiga ultrapassar os 154 confrontos já realizados entre a Nova Zelândia e a Austrália. Para estes dois velhos rivais, este duelo faz já parte da rotina – na última década defrontaram-se, em média, três vezes por ano –, mas apesar de os All Blacks ou os Wallabies serem presença quase obrigatória na final de um Mundial – 2007 é a excepção nas oito edições da prova -, nunca houve uma contenda entre neozelandeses e australianos no jogo decisivo para a atribuição da taça Webb Ellis.
Com uma clara supremacia histórica sobre os australianos (105 vitórias nos 154 confrontos), os All Blacks terão os holofotes todos apontados na sua direcção. Richie McCaw, Dan Carter e companhia vão entrar em campo como favoritos, mas uma vitória da Austrália não seria uma grande surpresa. Com a chegada, há um ano, de Michael Cheika ao comando dos Wallabies e com as mudanças nos regulamentos da federação australiana, que até há pouco tempo não permitia que os jogadores que alinhavam fora do país representassem a selecção, a Austrália deu um salto enorme na qualidade do seu jogo. De uma equipa desacreditada e em crise, que perdeu nove dos 11 jogos disputados entre Junho e Novembro de 2013, a Austrália, com a entrada de Cheika e o regresso de jogadores preponderantes como Matt Giteau e Drew Mitchell, ganhou consistência e os resultados estão à vista.
Após derrotarem em Agosto a Nova Zelândia, por 27-19, no jogo que decidiu o vencedor do Rugby Championship 2015, os Wallabies passaram com distinção no “grupo da morte”, no qual venceram a Inglaterra e o País de Gales, e apenas contra a Escócia, nos quartos-de-final, mostraram fragilidades. Agora, no entanto, será o tudo ou nada no regresso, 12 anos depois, a uma final: em 2003, Giteau foi suplente utilizado no jogo em que um pontapé de ressalto de Jonny Wilkinson no último minuto do prolongamento garantiu à Inglaterra o seu único título mundial.
Avisados pela derrota há três meses em Sydney, os All Blacks vão entrar em campo com o mesmo XV que superou a África do Sul e a experiência do conjunto escolhido por Steve Hansen (média de 65 internacionalizações por jogador), pode fazer a diferença. No entanto, a história já nos mostrou que, muitas vezes, o maior adversário dos neozelandeses são eles próprios.