Portugal escapa a 9000 despedimentos no Deutsche Bank

Banco alemão vai deixar dez países e suspendeu o pagamento de dividendos por dois anos. Actividade em Portugal não é afectada.

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O Deutsche Bank prevê ainda dispensar 6000 consultores externos, REUTERS / Kai Pfaffenbach

No dia em que apresentou perdas de seis mil milhões de euros relativas ao terceiro trimestre, o Deutsche Bank anunciou a saída de dez países e a eliminação de 9000 postos de trabalho como parte de um plano para reestruturar a sua actividade.

O banco sedeado em Frankfurt quer tornar-se mais eficiente para regressar aos resultados positivos e anunciou um já apurado “plano estratégico” a cinco anos que inclui várias medidas de redução de custos.

Para além dos 9000 despedimentos, o Deutsche Bank prevê ainda dispensar 6000 consultores externos, para além de vender uma subsidiária alemã, o Postbank, o que implica menos 14 mil assalariados. 

Na Europa, o banco vai sair da Dinamarca, Finlândia, Noruega e Malta. Os restantes seis países que o Deutsche Bank vai abandonar situam-se, exceptuando a Nova Zelândia, na América Latina: Argentina, Chile, Peru, México e Uruguai.

Com esta política, a entidade bancária conta poupar 3800 milhões de euros nos próximos três anos.

Ao PÚBLICO, fonte oficial do Deutsche Bank em Portugal garantiu que a implementação deste plano não terá impacto na actividade em Portugal, onde o banco opera com cerca de 450 trabalhadores e 55 balcões.

O Deutsche Bank fecha os primeiros nove meses do ano com um prejuízo de 4670 milhões de euros, quando em igual período de 2014 tinha alcançado um resultado positivo de 1250 milhões de euros.

Para além da venda do Postbank, a entidade vai alienar outros activos, como a participação de 19,99% que detém no banco chinês Hua Xia.

Numa medida já prevista, o banco germânico vai falhar a entrega de dividendos aos accionistas pela primeira vez em 60 anos. A restrição anunciada pelo presidente executivo, John Cryan, vai estender-se a 2016, sendo que, mesmo durante a crise, o Deutsche Bank manteve a entrega de dividendos, ainda que simbólica, de apenas 75 cêntimos por acção.

Na conferência de imprensa, Cryan justificou que a “retenção de capital” serve para “fortalecer a companhia” e que é “pouco provável” que os accionistas recebam qualquer compensação no próximo ano, apontando para 2017 como período em que o pagamento será retomado.

Também estão previstas alteração nas áreas onde o banco opera. O DB planeia reduzir os clientes da banca de investimento para cerca de metade, principalmente em países de alto risco, uma vez que “aproximadamente 30% dos clientes produz cerca de 80% dos lucros” nesta operação.

O peso dos custos com processos judiciais nos quais o banco está envolvido assume um impacto significativo e o Deutsche Bank reserva 1200 milhões de euros para lidar com eles.

No início do Verão, o banco sedeado em Frankfurt apresentou um nova direcção, liderada pelo britânico John Cryan, para tentar recuperar a imagem negativa deixada por escândalos como a manipulação da Libor

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