Toda a música electrónica no Semibreve

Electrónica com história por Roedelius, ambiental por Tim Hecker ou física por Powell, eis alguns dos destaques do festival de Braga.

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Tim Hecker
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Roedelius

À quinta edição o Semibreve reforça a sua programação, aumentando o número de concertos, de instalações artísticas e certamente de público – os passes gerais esgotaram há muito – mas mantendo a exigência de sempre ao nível do cartaz.

No total serão 13 concertos e 12 instalações de artes digitais (Phill Niblock, Ana Carvalho ou Vitor Joaquim) a dividir pelos espaços do Theatro Circo, GNRation e Casa Rolão, entre sexta e domingo.

“Há um cruzamento de artistas de referência, como Roedelius, os Dopplereffekt ou Tim Hecker, com gente mais nova, como Klara Lewis, que são apostas recentes”, diz-nos o director artístico Luís Fernandes, enunciando a filosofia de um evento onde um dos destaques será o histórico músico alemão Roedelius, figura nuclear das músicas experimentais e ambientais de cariz electrónico e co-fundador dos grupos Cluster e Harmonia.

De Detroit, a cidade do tecno, virá o enigmático duo Dopplereffekt, projecto activo desde a década de 1990 pelas margens do electro, enquanto do Canadá virá Tim Hecker, personalidade de referência no espaço actual da electrónica com predisposição exploratória, circulando por sons ambientais.

Uma das alterações, ao nível da programação, resulta de uma mudança estrutural. “Agora existe um espaço – o GNRation – onde é possível programar artistas que se podem ver de pé, num contexto que antes tínhamos dificuldade em explorar porque o Theatro Circo só tem lugares sentados”, explica Luís Fernandes. “Agora é possível programar projectos mais dançáveis, como Luke Abbott ou Powell, o que abre um novo leque de possibilidades.”

É isso. Uma das atracções será o inglês Powell, criador de uma música electrónica dançante não óbvia, musculada, rugosa, por vezes virulenta e física, embora uma das grandes surpresas possa advir das paisagens ruidosas e misteriosas da sueca Klara Lewis.

Outra das novidades decorre de haver concertos comissariados pelo festival. É o caso do inglês Heatsick, que está em residência em Braga a preparar um espectáculo que passará pela electrónica lúdica de sensibilidade experimental, e também de Roedelius, desafiado a trabalhar com portugueses (André Gonçalves, José Alberto Gomes ou Rui Dias) para uma performance única.

Estreias em solo português serão a do sueco Peder Mannerfelt, membro do projecto Roll The Dice, também conhecido por The Subliminal Kid, enquanto praticante de tecno mais obscuro, e a do músico e artista japonês Takami Nakamoto que será acompanhado do baterista Sebastien Benoits. De regresso a Portugal estará Oren Ambarchi, guitarrista e percussionista electrónico vocacionado para transcender abordagens convencionais, enquanto o inglês Vessel desbravará novos caminhos electrónicos com a ajuda de Pedro Maia nas imagens.

Também portugueses são Sérgio Faria e André Gonçalves que apresentarão espectáculos a solo. O primeiro é uma das boas surpresas do corrente ano, seja quando aborda a electrónica emotiva em Die Von Brau ou quando explora hipnoses minimalistas como Dedication For Project 01. Já Gonçalves transcende os campos da música, das artes visuais ou do vídeo, para além de criador da marca de sintetizadores ADDAC, que tem como clientes os Depeche Mode ou os Nine Inch Nails.

Hipóteses de sermos surpreendidos não faltam num festival que já conseguiu criar uma relação de confiança com os espectadores. “As pessoas olham para o Semibreve como uma experiência anual que as leva a interrogar sobre o que é isso da música”, resume Luís Fernandes. “Muitas vezes nem sabem o que vão ver, mas existe uma relação de confiança com quem programa.”

 

 

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