Conselho deontológico iliba Rodrigues dos Santos de homofobia

Referência no feminino a deputado Alexandre Quintanilha foi considerada um lapso, apesar de lamentável.

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José Rodrigues dos Santos editou o seu 11.º romance sobre Gulbenkian PEDRO CUNHA

O conselho deontológico do Sindicato dos Jornalistas considera tratar-se de "um lapso" resultante "de erros processuais" a referência feita no feminino, pelo jornalista da RTP José Rodrigues dos Santos, ao deputado eleito pelo PS Alexandre Quintanilha.

No Telejornal de 7 de Outubro passado, numa peça sobre a idade dos deputados, Rodrigues dos Santos aludiu à pessoa mais velha eleita para a Assembleia da República, precisamente Quintanilha, com 70 anos, referindo que foi "eleito ou eleita" pelo PS.

Em causa estava uma queixa enviada ao conselho deontológico por uma cidadã.

O conselho deontológico concluiu que, de acordo com as explicações apresentadas pelo jornalista, se está perante um lapso, que embora lamentável, resultante de “erros processuais decorrentes da evolução do alinhamento do noticiário em causa". Para este órgão, não pode ser imputada a Rodrigues dos Santos “qualquer intenção de fazer uma discriminação de carácter homofóbico ao deputado Alexandre Quintanilha".

"Mais se saúda o facto de José Rodrigues dos Santos ter procedido à correcção do seu erro no dia a seguir, no mesmo espaço noticioso, com o pedido de desculpas devido aos dois deputados que foram vítimas do seu engano", lê-se na deliberação.

Na sua explicação, o jornalista disse que se tratou "de um lapso não intencional” e que “não existiu qualquer intenção de questionar a sexualidade de um deputado entrevistado na reportagem, cuja orientação sexual o apresentador de resto desconhecia pois nunca lhe ocorreu que lhe fosse exigido que conhecesse a orientação sexual das pessoas que aparecem nas múltiplas reportagens da RTP". O lapso deveu-se a um problema relacionado com a forma como o texto estava redigido, que entrava em contradição com a imagem da promoção da reportagem e o induziu em erro, adiantou.

O jornalista salientou ainda que "perante a polémica estéril que se instalou, com levantamento de processos de intenções por parte do partido político de um dos deputados contra o apresentador e a RTP, foi feita às 19h22 do Telejornal do dia seguinte uma correcção, assumindo-se o erro inadvertido e apresentando desculpas".

Na semana passada, o secretariado da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista tinha deliberado no mesmo sentido. "Tratou-se de um erro involuntário e induzido, do qual apresentou de resto, aos visados, no dia seguinte, um pedido público de desculpas", escreveu a comissão. "A conduta é explicável por múltiplas razões, nomeadamente pela falta de uma mais cuidada e atenta preparação dos temas a tratar e a apresentar, mas não por um propósito discriminatório, que não se descortinou", referiu também.

 

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