Direito de mandar

A gramática é generosa com a palavra “poder”: verbo transitivo, intransitivo, auxiliar e ainda substantivo masculino. O dicionário também, já que lhe dedica um espaço alargado para explicações. Foi preciso percorrer muitos sentidos até alcançar o que queríamos ver descrito: “Governo de um Estado.” Isto porque estávamos à espera de saber qual seria o nosso. (Não o Estado, mas o Governo.)

Resumindo, enquanto verbo, “poder” significa “ter possibilidade ou autorização para”, “dispor de autoridade”, “ter influência para”, mas também “estar arriscado ou exposto a”. Já como substantivo, encontrámos “potência”, “vigor do corpo ou da alma”, “domínio”, “posse”, “império”, “soberania”.

Foi um dicionário de 1940 que nos deu o título, “direito de mandar”. Também ali se registava “poder” como “ter fôrça para” (assim, com acento circunflexo). Mas um mais recente recordou-nos que “manda quem pode”. E mais disse: “O Governo de um país e as respectivas instituições.” Logo seguido da frase: “O poder foi legitimado pelo voto.”

“Poder” também se define como: “Faculdade ou possibilidade de desenvolver uma acção, de desencadear um processo ou obter um resultado.” Divertimo-nos com o exemplo: “Nem todos têm o poder persuasivo daquele charlatão.”

No momento em que escrevemos, ainda o ainda... “todo-poderoso” Presidente da República não tinha exercido o “poder” de atribuir o “poder” a um dos líderes partidários que poderiam vir a tê-lo.

“Aguentar” é sinónimo da Palavra da Semana que escolhemos. Espera-se que, quando este texto for publicado, alguém já tenha sido indigitado primeiro-ministro. Perdão pela coloquialidade, mas já não se “pode”.

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