Chico Buarque assina petição que pede intervenção portuguesa no caso Luaty

Foi o músico brasileiro que tomou a iniciativa de procurar os organizadores da petição, online desde segunda-feira da semana passada, e que pediu para que o seu nome fosse acrescentado à lista.

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Chico Buarque Miguel Manso

O músico brasileiro Chico Buarque de Hollanda assinou a petição “Pela Intervenção do Governo Português na Libertação de Luaty Beirão" dirigida ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete e ao embaixador português em Angola, João da Câmara.

Nesta petição, os signatários pedem ao Governo português que “tome uma posição e publicamente exija a imediata libertação de Henrique Luaty Beirão”, músico e activista luso-angolano, em greve de fome desde o dia 21 de Setembro, depois de ter sido detido a 20 de Junho em Luanda acusado, com mais 16 pessoas, de estar a preparar um golpe de Estado e um atentado contra o Presidente da República.

A petição conta já com mais de dez mil assinaturas e, para além de Chico Buarque, várias personalidades de renome internacional subscreveram o texto entre as quais Béla Tarr, cineasta, Gus van Sant, realizador, Jacques Rancière, filósofo, e Stan Douglas, artista plástico. Nos anos 1980, Chico Buarque  escreveu a canção "Morena de Angola", sendo que esta “morena” era uma sua "camarada do MPLA", o mesmo partido cujas acções repressivas agora denuncia. Foi o músico brasileiro que tomou a iniciativa de procurar os organizadores da petição, online desde segunda-feira da semana passada, e que pediu para que o seu nome fosse acrescentado à lista.

A iniciativa foi lançada por um grupo de intelectuais, políticos e artistas portugueses e internacionais, entre os quais o filósofo José Gil, os cineastas Pedro Costa e Gus van Sant e os actores Maria de Medeiros e Joaquim de Almeida, que recordam que o músico e activista Henrique Luaty Beirão tem dupla nacionalidade pelo que, para todos os efeitos, é “um cidadão português ilegalmente preso no estrangeiro”.

“Sabemos que [Luaty] está disposto a dar a vida por causas maiores, como a da liberdade e justiça. Também sabemos que a sua morte pode estar próxima, na sequência da sua longa greve de fome. É obrigação constitucional, ética e moral do Governo português não permitir que aconteça”, escrevem os signatários, entre os quais se contam também Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, Rui Tavares, do Livre, e a deputada do PS Inês de Medeiros.

“É imperativo que o Governo português tome uma posição e publicamente exija a imediata libertação de Luaty Beirão. É também obrigação do Governo português comunicar a sua posição a toda a CPLP, bem como a toda a comunidade mundial empenhada na defesa dos princípios da liberdade e da igualdade. Portugal não pode persistir como testemunha silenciosa e passiva de um lento assassinato político sem se tornar seu cúmplice”, conclui o texto publicado em português e inglês.

Há 35 dias em greve de fome, Luaty Beirão não tenciona interromper o seu protesto contra a ilegalidade da sua detenção e de outros 14 activistas políticos, acusados pelo regime de conspiração para um golpe de Estado. Com julgamento marcado para dia 16 de Novembro, Luaty Beirão apenas pondera suspender a greve de fome se a justiça conceder aos arguidos o direito a aguardar o início do processo em liberdade.

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