No Portugal Fashion, Katty Xiomara entre o desporto e os videojogos

O Verão 2016 feito de redes, androginia e um parque automóvel onde o desfile foi afinal um espectáculo audiovisual ao som dos jogos de consola.

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Bastidores Diogo Baptista
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Ricardo Preto Diogo Baptista
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Diogo Miranda Diogo Baptista
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Katty Xiomara Diogo Baptista
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Miguel Vieira Diogo Baptista
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Num dia de Outono inconstante, Susana Bettencourt apresentou as suas malhas caneladas confortáveis, Estelita Mendonça roupas andróginas e Ricardo Preto propostas para homem e mulher inspiradas em cores e pescadores das aldeias da costa portuguesa. À noite, Katty Xiomara levou jogos de consola a um parque automóvel no centro do Porto e Miguel Vieira chamou as crianças para a passerelle no Palácio de Cristal.

Durante a tarde, Katty Xiomara foi testar o som no 6.º piso do Silo Auto. O DJ japonês Hige Driver, que faz música com sons de consolas de videojogos, teve a cargo a banda sonora do desfile-instalação. “Uma espécie deshowroom vivo” que dá a oportunidade de se aproximar e tocar nas peças, explica ao PÚBLICO a criadora. Foi ali que mostrou não só as  suas propostas femininas para o Verão 2016, num espectáculo audiovisual, como uma linha de desporto.

Na sua marca, Xiomara sugere roupas com formas dos anos 1970 — o tema são os videojogos bidimensionais da década, as peças são como que pixelizadas e as cores são o laranja, amarelo e azul. “Personagens deste universo mais geek” não numa passerelle mas num jogo projectado nas paredes cálidas do parque automóvel. Em 12 níveis, as personagens de cabelos laranja – as manequins – foram peças de Tetris, foram cartas, ganharam pontos, subiram de nível, perderam, alternando sempre as peças de roupa. Game over e ganharam vida em pedestais, primeiro estáticas, depois sorrindo e acenando à audiência. Uma preparação audiovisual que começou em Junho, revela Xiomara, que também se transformou em personagem pixelizada e agradeceu ao público dentro do seu jogo.

Na linha de desporto, outro registo e um desafio. “É uma área que não domino por completo“, com “especificidades” nas técnicas e tecidos – são precisos reflectores nas peças de running e poucas costuras nas de fitness, exemplifica – e que inaugura a parceria entre as lojas Sportzone e o Portugal Fashion que prevê que, a cada estação, um criador nacional diferente desenvolva uma colecção de 25 a 30 peças de fitness, running e swimmingpara mulher e criança. 

O início da tarde desta sexta-feira fez-se na Alfândega do Porto com a designer especializada em malhas Susana Bettencourt. Caneladas, em tons cinza, branco e amarelo pastel — já vistas em Berlim e em Amesterdão nas presenças internacionais do evento — para um Verão suave e fluido, mas desta vez com mais peças na passerelle. Estelita Mendonça mostrou logo a seguir propostas andróginas, com tons neutros e pastéis com apontamentos de cor, com o designer Ricardo Andrez como modelo convidado.

Já Ricardo Preto, na sua segunda linha criada em 2010 para ser "um encontro de ideias entre indústria e criador", a Meam, trouxe ao Portugal Fashion quadrículas de algodão bordeaux ou brancas a fazer lembrar as redes de pesca tradicionais, amarelo-torrado, verdes e apontamentos brilhantes que são “as escamas radiosas do nosso peixe” para homem e para mulher — são Os Contos da Terra e do Mar do criador, que apresentou a sua primeira linha na ModaLisboa há duas semanas. À hora de jantar, Diogo Miranda trouxe de Paris, onde apresentou pela primeira vez a colecção para o Verão 2016 inspirada no arquitecto mexicano Luís Barragan, silhuetas minimalistas mas com muitas sobreposições em diferentes tons de rosa, fúcsia e salmão em contraste com preto e azul-marinho, que lhes dão profundidade. 

O terceiro dia fez-se também com o trabalho vanguardista e experimental de Daniela Barros, com denim destruído, uma colecção Individual de Hugo Costa e novos talentos. Na plataforma Bloom, distinguida com o Selo Europeu de Festivais 2015-2016 (uma certificação de qualidade atribuída pela European Festivals Association a eventos culturais e criativos europeus com impacto significativo a nível local, nacional e internacional), passaram as peças desconstruídas de Eduardo Amorim, numa contestação ao "actual sistema, onde a falsa liberdade de informação e expressão impera"; os sonhos a rosa e sentimentos de solidão e perda a preto de Pedro Neto; o colectivo KLAR propôs casacos bomber, impermeáveis pretos e silhuetas justas em malha com recortes e faixas soltas e o vermelho forte em vestidos e fatos com costuras feitas de argolas de Teresa Abrunhosa. 

A fechar a noite, e pela primeira vez nesta edição do evento com casa cheia e uma ovação, esteve Mondrian, pela mão de outro veterano, Miguel Vieira, numa tenda montada nos jardins do Palácio de Cristal. A colecção, já apresentada na semana de moda de Milão e na ModaLisboa, é feita com tecidos entrançados manualmente a partir de tiras azuis, pretas e brancas, peças em pele perfurada ou em pele de pêssego para mulher e fatos de alfaiataria com forros estampados para homem. Miguel Vieira fez desfilar também a sua linha de criança - vestidos curtos para menina, iguais aos de mulher, e fatos para menino a condizer com os de homem que trouxeram sorrisos infantis tímidos à passerelle e muitos aplausos.

Sábado, último dia do evento, é a vez de Nuno Baltazar, Luís Buchinho, seis marcas de calçado e a indústria pisarem a passerelle da Alfândega do Porto.

A jornalista está hospedada a convite do Portugal Fashion 

 

 

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