Esta empresa de Braga fez uma harpa laser

Nuno Santos e Rui Antunes construíram de raiz instalação sonora que reinterpreta aquele instrumento de cordas. Com mais de dois metros de altura, 70 quilos de peso e oito lasers de cor verde, o impacto é igualmente visual.

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Na programação da Noite Branca de Braga deste ano, que decorreu entre 11 e 13 de Setembro, havia destaques evidentes, como as actuações de Capicua ou DJ Ride. Mas na Rua do Castelo, não muito longe da Avenida Central, morava uma das propostas mais originais: a harpa laser da Imaginando, uma start-up local.

“Os adultos ficavam mais a ver ao longe, talvez por vergonha, mas as crianças não largavam a harpa”, recorda ao P3 Nuno Santos, 33 anos, fundador da Imaginando. Mas, afinal, o que é isso de harpa laser? A resposta é mais simples do que o inicial paradoxo leva a crer: “É uma harpa em que as cordas foram substituídas por lasers e em que o som é gerado por um sintetizador digital.” A instalação audiovisual de Nuno e Rui, ambos engenheiros e amigos há vários anos, é um artefacto autónomo, precisa apenas de alimentação eléctrica e de amplificação. “Não é um controlador, mas um instrumento”, sintetiza Nuno, e produz som sempre que se interrompe um dos oito feixes de luz.

A estrutura, desenhada pela dupla e toda em ferro, tem uma envergadura que impressiona: 2,30 metros e 70 quilos. A ideia para a Noite Branca foi causar o máximo de impacto visual possível. “Queríamos algo que as pessoas pudessem experimentar e que se destacasse na multidão”, explica Nuno. Uma das coisas que distingue este instrumento de outros do mesmo género é precisamente o frame, ou seja, o corpo: “A maioria das harpas laser não tem moldura, são só feixes laser para o infinito.”

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Até agora, a Imaginando só produziu uma harpa laser, mas Nuno já considerou o potencial de criar réplicas, “pontualmente, nunca em escala”, embora veja como obrigatória a introdução de algumas melhorias. Numa hipotética segunda versão “seria possível detectar se o feixe é interrompido mais acima ou mais abaixo”, por exemplo, “ou dar modulação”, ou seja, alterar a frequência do som. Ainda assim, a limitação mais evidente é ao mesmo tempo o grande trunfo do projecto, ou seja, a tactilidade. “Não é a mesma coisa do que tocar um instrumento físico de cordas, não é possível imitar o efeito de puxar uma corda com mais força”, admite.

Nuno Santos, natural de Braga, formou-se em engenharia de sistemas informáticos pela Universidade do Minho e fundou a Imaginando em Junho de 2014 — para já, a tempo inteiro, é só ele embora conte com colaborações esporádicas, como no caso da harpa laser. “O Rui tem um background muito mais técnico ao nível da electrónica analógica” e juntos construíram, a quatro mãos, o sintetizador em software que alimenta a harpa.

Sintetizador esse que é, de resto, o próximo passo comercial da empresa. “Vai ser um software orientado para o mobile, smartphones e tablets, e computador, como plug-in.” Depois, o engenheiro pretende marcar presença em feiras internacionais, “nomeadamente na Musikmesse, em Frankfurt, e na NAMM, em Los Angeles”. Se tudo correr bem, o software pode dar lugar a uma versão física do sintetizador.

A Imaginando já anda há algum tempo no radar da imprensa internacional especializada em música electrónica graças a duas aplicações de controlo remoto de software de produção (o LK funciona como controlador MIDI para o Ableton Live) e de DJing (o TKFX controla efeitos no Traktor).

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